VIOLÊNCIA
A pesquisa sobre o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), divulgada no dia 29/1, aponta que a cada mil adolescentes nascidos no ano 2000, pelo menos três correm o risco de serem vítimas de homicídio até o 19º aniversário. De acordo com o estudo, a taxa atual (de 3,32 jovens) é 17% superior à de 2011, quando o índice era de 2,84. O número ideal é abaixo de 1. Fortaleza foi à cidade brasileira com o maior índice de homicídios: para cada grupo de mil adolescentes, a capital cearense tem IHA de 9,9 jovens assassinados. Enfrentar a violência contra a infância brasileira requer esforços permanentes entre sociedade, poderes executivo, judiciário, legislativo, mídia e das próprias crianças e adolescentes.
Com o objetivo de promover a escuta
de crianças e adolescentes acerca de temas pertinentes, e contemplar
estratégias de prevenção e enfrentamento a violência, é que Terre des hommes
Brasil desenvolve desde 2008 o “Projeto Vozes”. Na edição de 2014 foi possível
reunir as falas de 267 adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas,
sobre violência, educação, responsabilização e práticas restaurativas, a partir
de metodologia que respeita o anonimato e promove participação ativa.
Para Tailândia, adolescente ouvida
neste processo, “para não ter violência é preciso ter mais oportunidades”. A
Lika alerta sobre o enfraquecimento dos laços familiares “...quando a família
enfraquece, o grupo de fora ganha força”. Silvânio reconhece que precisa
investir na educação: “...a gente tem que estudar, para mudar e crescer na
vida”. Porém, Victor alerta que nem sempre é fácil estudar em ambiente cercado
de restrições. “Lá onde eu moro é diferente porque quem é de lá de cima não
pode ir lá em baixo, ai eu estudava lá em baixo, e o colégio era lá em baixo e
tinha um cara que era traficante lá das áreas falou assim: ‘ei macho, tu que é
de lá pode vim aqui não, bora sai voado’. Ai foi o jeito eu sair, ai parei de
ir ao colégio”. Os adolescentes também expressaram opiniões sobre Paz. Victor
nos diz: “Paz é poder sair na rua e não ter medo de ser assaltado, não ter medo
de levar bala perdida. Paz para mim é isto ai, poder ir para escola pro meu
trabalho, sem olhar para minha mãe e dizer te amo, com medo de não voltar para
casa, porque hoje em dia você sai de casa sem ter certeza que você vai voltar”.
A pesquisa projeta que mais de 42 mil jovens, entre 12 e 18 anos, sejam
assassinados até 2019. Somente com a participação de todos é possível prevenir,
mediar e enfrentar a violência. É preciso construir ações coletivas e atender suas
necessidades.
*Os nomes dos adolescentes são
fictícios.
Renato Pedrosa
comunicacao@tdhbrasil.org
Advogado e diretor executivo de Terre des hommes Brasil
Fonte: Jornal O Povo 23/02/2015
comunicacao@tdhbrasil.org
Advogado e diretor executivo de Terre des hommes Brasil
Fonte: Jornal O Povo 23/02/2015