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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Canção final

Canção final

Oh! se te amei, e quanto!
Mas não foi tanto assim.
Até os deuses claudicam
em nugas de aritmética.
Meço o passado com régua
de exagerar as distâncias.
Tudo tão triste, e o mais triste
é não ter tristeza alguma.
É não venerar os códigos
de acasalar e sofrer.
É viver tempo de sobra
sem que me sobre miragem.
Agora vou-me. Ou me vão?
Ou é vão ir ou não ir?
Oh! se te amei, e quanto,
quer dizer, nem tanto assim.
Carlos Drummond de Andrad

MENINOS SUICIDAS

MENINOS SUICIDAS

Um acabar seco, sem eco,
de papel rasgado
(nem sequer escrito):
assim nos deixaram antes
que pudéssemos decifrá-los,
ao menos, ao menos isso,
já não digo... amá-los.

Assim nos deixaram e se deixaram
ir sem confiar-nos um traço
retorcido ou reto de passagem:
pisando sem pés em chão de fumo,
rindo talvez de sua esbatida
miragem.

Não se feriram no próprio corpo,
mas neste em que sobrevivemos.
Em nosso peito as punhaladas
sem marca - sem sangue - até sem dor
contam que nós é que morremos
e são eles que nos mataram.
Carlos Drummond de Andrade

Com Jesus, faça-se hoje menino

26.12.2013

Com Jesus, faça-se hoje menino
 
Frei Betto
Adital



Natal é festa de infância, ainda que tenhamos 90 ou 100 anos. A criança que fomos jamais morre em nós. Ao longo do tempo, ela inclusive nos salva da aridez da vida quando, na memória, a evocamos. São inesquecíveis as pessoas que cobriram nossa infância de carinho e cuidados.

Foto: Reprodução


Falo por mim em meados do século XX, criança na Belo Horizonte com menos de 1 milhão de habitantes, toda arborizada e adornada de pulseiras de prata: os trilhos dos bondes. O tempo espreguiçava, e com tantas ladeiras e sem tantos prédios os olhos podiam admirar a policromia do crepúsculo que faz jus ao nome da cidade.
Na Serra do Curral, escalávamos o pico, ponteado pela cruz que a mineração predatória decepou. No Parque Municipal, alugávamos canoas e aprendíamos a remar. No quintal dos Dolabella, nos fartávamos de mangas. No canteiro gramado, que dividia as pistas da Avenida do Contorno, jogávamos peladas. No Minas Tênis Clube, seu Macedo nos ensinava a nadar e a dominar cavaletes, barras e argolas de exercícios físicos. No Cine Pathé, as matinês de domingo protegiam no escurinho os primeiros namoricos. Ao fim da tarde, o incomparável sorvete de seu Domingos (que perdura e deveria ser tombado pelo Patrimônio Gastronômico Mineiro).
O Natal se revestia de caráter religioso. Eram audíveis os sinos das igrejas, destacando-se o carrilhão da igreja do Carmo. Escrevíamos cartas a Papai Noel, para garantir os presentes, mas tínhamos plena convicção de que se tratava da festa de nascimento de Jesus. Na sala de casa, o presépio à luz da árvore toda enfeitada. No centro da cidade, a exposição do magnífico Presépio do Pipiripau (hoje no Museu de História Natural da UFMG), que encanta crianças e adultos. À noite, Missa do Galo, seguida da ceia em família, na qual jamais faltava rabanada.
Viramos adultos, e muitos de nós ficaram indiferentes à religião e insensíveis à liturgia. Deixamos que a papainoelização da data obscurecesse sua origem cristã. Filhos e netos já nem sabem recitar de cor uma oração. O que era alegria de uma festa virou ânsia consumista para, inclusive, tentar encobrir nosso débito com outrem: já que não me faço presente, dou-lhe presente.
O que era expectativa, advento, agora é preocupação de não esquecer ninguém a quem nos sentimos na obrigação de presentear. O que deveria ser gratuidade, torna-se compulsório. E somos tomados pela fissura de, seis dias depois, celebrar o réveillon, empanturrando-nos de comidas, bebidas e novos propósitos. Há que aproveitar o verão e as férias das crianças para sair de casa, viajar, descansar do trabalho, em busca de lazer na praia, no campo ou em algum recanto turístico, enfrentando estradas perigosas e preços abusivos.
Que tal uma viagem à criança que fomos? Se ousássemos, tudo ficaria mais simples. Livres de preconceitos, seríamos e faríamos os outros mais felizes. Talvez aquele amigo prefira uma boa conversa que o presente embalado sob o selo de grife. Despojados de agressividade, ciúme e inveja, não haveríamos de discriminar ninguém. Prestaríamos inclusive atenção naqueles que se privam das boas festas para garantir as nossas: garçons, cozinheiras, camareiras, faxineiras, guardas rodoviários, porteiros e seguranças.
Então, sim, nossos corações, quais presépios, estariam abertos e prontos a acolher Deus que se fez um de nós no Menino de Belém.

[Frei Betto é escritor, autor de "Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org - twitter:@freibetto.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

AMOR E SEU TEMPO

AMOR E SEU TEMPO

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
Carlos Drummond de Andrade

Vila do Mar movimenta a periferia - Blog do Eliomar

Vila do Mar movimenta a periferia - Blog do Eliomar

As sem-razões do amor

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Prefeito RC ainda não disse a que veio?

 Prefeito RC ainda não disse a que veio?

Com o título “Fortaleza sem zelador”, eis artigo da jornalista e professora Adísia Sá, que pode ser lido no O POVO desta terça-feira. Ela reclama da situação de abandono do Centro e chega a observar: Roberto Cláudio ainda não disse a que veio.”

Talvez alguns leitores nunca tenham ouvido falar em “zelador”, tão estranha é a palavra para as novas gerações. Gerações sem apego às coisas coletivas, aos bens públicos: gerações que não aprenderam nos lares nem nas salas de aula o que significa cuidar dos bens comuns. Pelo contrário: o que ouviam era a cantilena “isto é de todo mundo”, significando que não é de ninguém.
Presidente da Associação Cearense de Imprensa, dois ou três dias por semana compareço à nossa sede, à rua Floriano Peixoto, esquina com Liberato Barroso, oportunidade em que sinto o palpitar de nossa cidade, seu movimento constante, seu vai-e-vem de pedestres – tipos os mais diversos – do executivo ao carregador de mercadoria, sem se falar na mulher que vende loteria e o homem que oferece frutas.
E o pedestre o que faz? Equilibra-se, vira malabarista, livra a cabeça dos caixotes, olha pro chão para não pisar os produtos dos ambulantes no chão ou em cima de tamboretes transformados em balcões.
Neste caminhar, procuro me lembrar do nome do prefeito, também de vereadores, mas nada me vem à memória. Sim, me lembro do coronel Cordeiro Neto, quando Fortaleza era tratada com respeito e zelo. Agora, passados tantos meses, Roberto Cláudio ainda não disse a que veio, frustrando aqueles que aguardavam sua chegada com entusiasmo e confiança. Andaram me dizendo que ele tem olhos e ouvidos para a periferia: não juro, porque ainda não passei por lá. Para não ser injusta, vou aproveitar qualquer fim de semana e sair pela Leste /Oeste olhando à direita e à esquerda. Depois desse “turismo” interno, volto a escrever alguma coisa.
Mas fica o meu registro: Fortaleza não tem mais centro – virou balbúrdia, desordem, desgoverno, sem se falar no som alto e encontrões com agressões impublicáveis.
Vou plagiar o poeta: ai que saudades que tenho da minha cidade querida, que não volta nunca mais. De pé, em memória do outrora, a Leão do Sul, o pastel feito na hora e o caldo de cana primeiro e único…
* Adísia Sá
adisiasa@gmail.com

Jornalista e professora.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O Natal que a gente quer



O Natal que a gente quer
Adital



Eu queria festejar este Natal de e com o coração absolutamente aberto.

Imagem: PortalLuteranos

Eu queria festejar este Natal com o sentimento de que a fraternidade não é só um sentimento, mas uma prática de todos os dias.
Eu queria festejar este Natal sem gente/pessoas passando fome.
Eu queria festejar este Natal da forma mais simples, como a água pura da fonte que sai como um filete do meio das rochas e sacia os passantes com seu frescor.
Eu queria festejar este Natal como se fosse o primeiro e o último, o primeiro porque único, o último como se fosse o derradeiro gesto.
Eu queria festejar este Natal junto das pessoas mais queridas, as que se ama do mais fundo do coração, as que são imprescindíveis.
Eu queria festejar este Natal entre companheiros, aqueles, aquelas, todas e todos que caminharam junto a vida inteira, lutaram junto, foram solidários e são os amigos do peito.
Eu queria festejar este Natal tendo como exemplo e referência o presépio na casa de mamãe: um pinheirinho, as figuras –bois, vacas, pastores, Jesus, Maria, José, algumas com mais de 100 anos- cercando o Menino.
Eu queria festejar o Natal sem as exigências do comércio e do consumo, sem o ter à frente do ser.
Eu queria festejar o Natal com presentes simples, como aqueles da infância: uma bola de futebol de borracha, alguns chocolates, doces, tortas, cucas e gostosuras mil na mesa.
Eu queria festejar o Natal como se a infância e o ser criança fossem eternos.
Eu queria festejar o Natal rezando por todos e todas, pela saúde, pela paz no planeta terra, pelo cuidado com a natureza.
Eu queria festejar o Natal dizendo do amor que tenho por quem trabalha comigo, embora às vezes não saiba expressá-lo.
Eu queria festejar o Natal correndo na grama, pés descalços, feliz da vida.
Eu queria festejar o Natal com aquela alegria que vem de dentro, que não tem rodeios, que não se envergonha de extravasar, de dizer o que pensa e sente.
Eu queria festejar o Natal com pelo menos doze abraços.
Eu queria festejar o Natal sem stress e cansaço, nem dores, um pouco de silêncio e um tanto de preces e salmos.
Eu queria festejar o Natal (re)assumindo compromissos com os mais pobres, os excluídos, os historicamente esquecidos e rejeitados.
Eu queria festejar o Natal com a certeza de um mundo melhor, com dignidade para todas e todos, com justiça e igualdade.
Eu queria festejar o Natal como nascimento diário e permanente.
Eu queria festejar o Natal com a alma lavada, o espírito leve, a cuca fresca.
Eu queria festejar o Natal acalentando sonhos e utopias.
Eu vou festejar o Natal do Jesus Menino na manjedoura, iluminando o mundo, trazendo a mensagem do Reino, sendo gente, pessoa, ser humano, o mais humano de todos os humanos.
Em vinte e três de dezembro de dois mil e treze.
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domingo, 22 de dezembro de 2013

O papa que esperávamos

POBRES 22/12/2013

O papa que esperávamos

Para o padre Lino Allegri, a ênfase dada aos pobres, feita pelo papa Francisco, não é uma escolha de esquerda, mas a opção de Jesus. Allegri escreve uma carta ao pontífice
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AFP PHOTO / VINCENZO PINTO
Uma multidão aguarda oração do papa Francisco na Praça São Pedro, no Vaticano
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Querido papa Francisco, Paz e Bem! Me pediram para escrever um pequeno artigo sobre você, e confesso que me sinto sem jeito, porque são tantas as coisas que muitas pessoas já falaram de você, que não sei o que acrescentar. Então me permito falar com você, em forma de carta (como gostaria que você a lesse), para dizer das coisas boas que vejo acontecer depois que você chegou.

“O povo que andava na escuridão viu uma grande luz” (Is 9,1). Com estas palavras, o profeta Isaías anuncia ao povo a boa notícia de tempos novos que estão por vir. A luz da boa notícia que você trouxe, Francisco, é a alegria. Alegria que você manifesta nas suas palavras, atitudes, estilo de vida, gestos concretos de ternura. Você abraça, você toca, você beija, você olha nos olhos das pessoas, você nos surpreende, Francisco. É um papa diferente, não estávamos mais acostumados a ver um papa feito gente. Quando você fala de Deus que nos ama, de Deus misericordioso, de Deus que está sempre disposto a perdoar, de Deus que cura as nossas feridas, você nos comove. Parece que Jesus voltou entre nós na sua pessoa. A grande alegria que você nos transmite é a alegria de sermos amigos, seguidores de Jesus. É verdade: “com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria” (Evangelii Gaudium - EG 1).

Uma segunda coisa que me parece muito importante é que você colocou, de novo, os pobres no centro das atenções da Igreja e do mundo. Não é nenhuma novidade, viu, Francisco? Mas é uma novidade, sim, porque a Igreja estava se esquecendo dos pobres, vistos como objetos de caridade.

Você, pelo contrário, colocou os pobres como ponto central da evangelização. “Hoje e sempre, os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho. Há que afirmar, sem rodeios, que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos” (EG 48).

Os pobres, sempre os pobres. São eles que vão julgar a autenticidade da nossa fé. Na Quinta-feira Santa deste ano, você lavou os pés de 12 jovens em um centro de detenção juvenil de Roma, entre eles jovens de outra religião. No dia do seu aniversário de 77 anos (17 de dezembro), você convidou quatro moradores de rua da periferia de Roma a tomar café da manhã com você. São sinais fortes. Queria lembrar a você, Francisco, que só aqui em Fortaleza, são mais de 4 mil moradores de rua. Já pensou se todos fossem tomar café da manhã com você? Seria uma maravilha. Você fala e mostra claramente que a escolha dos pobres não é nenhuma escolha política de esquerda, é a escolha de Jesus. E, como Jesus, você sabe ser terno e carinhoso e, ao mesmo tempo, firme e decidido quando denuncia os males deste mundo.

Colocando os pobres no centro das atenções da Igreja e do mundo, você condena o sistema que os exclui da vida da sociedade. “Devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa.

Isto é exclusão. Não se pode mais tolerar o fato de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social” (EG 53). Você nos alerta para não cairmos na “globalização da indiferença”, “na idolatria do dinheiro”, “na ditadura duma economia sem rosto... que reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo” (EG 55).

Francisco, Francisco, se prepare porque muita gente não vai gostar disso, você meteu o dedo na ferida dos poderosos, aqueles que determinam o destino do mundo, aqueles que têm o poder de desencadear guerras com a desculpa de querer ‘impor’ a paz. Mas, pelo amor de Deus, continue assim, não deixe “que nos roubem a esperança”.

Um dia li um romance de Ignácio Silone: L’avventura di um povero cristiano e gravei esta frase colocada na boca do papa Celestino V, aquele santo que renunciou: “É difícil ser papa e continuar sendo um bom cristão”. Você é um bom cristão e um bom papa, Francisco, que há muito tempo esperávamos... e, por favor, não renuncie. Sua bênção.

Lino Allegri é padre e assessor da pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Fortaleza.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Entidades podem fechar as portas por falta de verba

Situação de rua

Entidades podem fechar as portas por falta de verba

14.12.2013

Sem o convênio renovado com a Prefeitura, instituições lutam para manter o atendimento

"O Pequeno Nazareno foi a minha mãe na infância e o meu pai na adolescência. Foi lá que eu aprendi o que é certo e o que é errado, aprendi o sentido da vida. Foi uma oportunidade única que tive". O caso de Fernando Iago Ferreira de Sousa, 21, acolhido aos 9 anos pela instituição especializada em atender crianças e adolescentes em situação de rua na Capital - onde permaneceu até os 17 anos - é um dos que teve desfecho positivo. Entretanto, nem todos tiveram a mesma sorte.

Existem entre 200 e 300 crianças e adolescentes em situação de moradia de rua em Fortaleza. Em torno de 80% são do sexo masculino Foto: Kid Júnior

Sem renovação do convênio com a Prefeitura, duas das cinco entidades especializadas - Associação Comunitária de Ajuda Mútua do Pirambu (Acamp) e Barraca da Amizade - tiveram de fechar as portas, neste ano. Já as três que resistem - Pequeno Nazareno, Casa do Menor e Sociedade da Redenção - lutam para manter o atendimento.

Manoel Torquato, coordenador da campanha "Criança não é de rua" destaca que o Pequeno Nazareno, com capacidade para acolher 50 crianças e adolescentes, está com apenas 30. "Estamos com 20 vagas ociosas, porque faltam recursos públicos", frisa. O coordenador denuncia que, em junho deste ano, o convênio que as instituições tinham com a Prefeitura acabou e, até o momento, não foi renovado.

Por causa disso, os adolescentes que permanecem abrigados correm o risco de ficar sem atendimento. "Estamos nessa disputa para conseguir os repasses financeiros. "A gestão municipal muda e as dificuldades continuam ou até se agravam", denuncia o coordenador.

Audiência
Para debater a problemática será realizada, na próxima segunda-feira (16), às 9h30, audiência pública no auditório da Câmara Municipal de Fortaleza. Na ocasião será apresentada a pesquisa Rua Brasil S/N, que traça o perfil nacional e local da situação de rua infanto-juvenil. O estudo aponta que a ausência de políticas públicas para as famílias é a principal responsável pela ida e permanência das crianças nas ruas, representando 54,6% do universo pesquisado.

"É um trabalho difícil, que quase ninguém quer fazer. A sociedade não quer esses meninos e meninas. Há toda uma visão negativa sobre eles. Existem instituições dispostas a desenvolver esse trabalho, mas sem apoio do poder público fica muito difícil", desabafa Torquato. O coordenador diz o quanto é difícil retirar esses meninos das ruas, fazer com que fiquem na instituição e ressignificar suas histórias a ponto de retornarem para casa, e não às ruas. "Suspender esses recursos é uma tragédia em dobro, porque eles retornam às ruas e já estavam no caminho de superação dessa situação".

Torquato informa que existem de 200 a 300 crianças e adolescentes em situação de moradia de rua em Fortaleza. Em torno de 80% são do sexo masculino, com faixa etária entre 14 e 18 anos.

Em nota, a assessoria de comunicação da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos esclarece que os prazos ainda não podem ser restabelecidos e, só após a audiência pública de segunda-feira, a Prefeitura irá se posicionar em relação aos convênios com instituições parceiras.

LUANA LIMAREPÓRTER

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Francisco e a economia de mercado

Francisco e a economia de mercado


Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência dessa situação, grandes massas da população veem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída
12/12/2013
Frei Betto
O papa Francisco acaba de divulgar o documento “Alegria do Evangelho”, no qual deixa claro a que veio. Sua voz profética incomodou a CNN, poderosa rede de comunicação dos EUA, que lhe concedeu a “Medalha de Papelão”, destinada àqueles que, em matéria de economia, falam bobagens...
Quais as “bobagens” proferidas pelo papa Francisco? Julgue o leitor: “Hoje devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento de um idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o fato de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social.
“Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência dessa situação, grandes massas da população veem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída.
“O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e, depois, lançar fora. Assim teve início a cultura do «descartável» que, aliás, chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente do fenômeno de exploração e opressão, mas de uma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são explorados, mas resíduos, sobras.” (53)
Em seguida, Francisco condena a lógica de que o livre mercado consegue, por si mesmo, promover inclusão social: “Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos fatos, exprime uma confiança vaga e ingênua na bondade daqueles que detêm o poder econômico e nos mecanismos sacralizados do sistema econômico reinante. Entretanto, os excluídos continuam a esperar.
“Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe.
“A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma.” (54)
O papa enfatiza que os interesses do capital não podem estar acima dos direitos humanos: “Uma das causas desta situação está na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e as nossas sociedades. A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano.
“Criamos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro (cf. Êxodo 32, 1-35) encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano. A crise mundial, que envolve as finanças e a economia, põe a descoberto os seus próprios desequilíbrios e, sobretudo, a grave carência de uma orientação antropológica que reduz o ser humano a apenas uma das suas necessidades: o consumo.” (55)
Sem citar o capitalismo, Francisco defende o papel do Estado como provedor social e condena a autonomia absoluta do livre mercado: “Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Por isso, negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem comum.
“Instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual, que impõe, de forma unilateral e implacável, as suas leis e as suas regras. Além disso, a dívida e os respectivos juros afastam os países das possibilidades viáveis da sua economia, e os cidadãos do seu real poder de compra. A tudo isto vem juntar-se uma corrupção ramificada e uma evasão fiscal egoísta, que assumiram dimensões mundiais. A ambição do poder e do ter não conhece limites. Neste sistema que tende a deteriorar tudo para aumentar os benefícios, qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta.” (56)
Enfim, um profeta que põe o dedo na ferida, pois ninguém ignora que o capitalismo fracassou para 2/3 da humanidade: as 4 bilhões de pessoas que, segundo a ONU, vivem abaixo da linha da pobreza.

Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco),  entre outros livros.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Jesus Cristo “capitalista” e Papa Francisco “marxista”?

Jesus Cristo “capitalista” e Papa Francisco “marxista”?

Nos EUA, o pontífice tem sido extremamente criticado por suas observações contrárias ao capitalismo moderno. A principal acusação? Marxismo

Por Vinicius Gomes
Após a rodada de conferências da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Bali, na Indonésia, o “embaixador” do Vaticano na ONU, o Arcebispo Silvano Tomas, emitiu as considerações da Santa Fé sobre o atual sistema econômico no mundo, onde vale destacar um parágrafo:
“Enquanto uma minoria está vivendo um exponencial crescimento de riqueza, o abismo cresce entre a vasta maioria da prosperidade usufruída por esses poucos felizes. Esse desequilíbrio é o resultado de ideologias que defendem uma autonomia absoluta do mercado e de especulação financeira [...] Uma nova tirania então nasce, invisível e quase virtual, a qual impõe, unilateralmente e impiedosamente, suas próprias regras e leis”.
Já não é de hoje que o Vaticano tem atacado o atual sistema econômico mundial. Em maio desse ano, o papa Francisco alertou em um discurso sobre os perigos de uma economia “sem rosto” que esquece as pessoas e agrava as desigualdades. Pode parecer absurdo, mas o papa tem sido extremamente criticado por suas observações contrárias ao capitalismo moderno. A principal acusação ao pontífice? Marxismo
O “marxista” Papa Francisco (http://www.flickr.com/photos/arkhangellohim/)
Papa Francisco x Ultraconservadores
“Jesus Cristo era um capitalista e agora está chorando no Paraíso por culpa dele!”.
“Ele está acabando com o capitalismo e está acabando com a América!”.
“É Marxismo puro saindo da boca dele!”
Em todas essas frases, o “ele” se refere a Francisco e todas vieram de alguns dos ultraconservadores norte-americanos espalhados pela mídia. Em fins de novembro, o pontífice compartilhou alguns de seus pensamentos sobre o capitalismo selvagem e suas consequências para milhões de pessoas, em sua exortação de 84 páginas intitulada de Evangelii Gaudium. Após condenar a idolatria ao dinheiro, a desigualdade e a economia de exclusão, é seguro dizer que o papa não é um fervoroso capitalista. Fato esse que despertou a ira da extrema direita dos EUA, que chegou ao ponto de fazer comentários como os relatados acima.
O intelectual espanhol Vicenç Navarro destacou em seu artigo a respeito diversas passagens do documento papal, no qual Francisco se  utilizou muito mais das palavras de Jesus (o grande “capitalista”) do que de “O Capital” de Karl Marx para condenar o sistema. “A crítica não se limita aos excessos do capitalismo, mas ao capitalismo em si, há partes do documento que parecem aproximar-se desta postura. Escreve Francisco: ‘o mandamento Não matarás estabelece um mandato de respeitar a vida humana. Daí que este ‘não matar’ deve aplicar-se a um sistema econômico baseado na desigualdade e na exclusão’. Acrescenta Francisco que “tal economia mata”.
E, diferentemente do que seus detratores tentam apontar, o papa parece saber muito bem do que está falando ao criticar o capitalismo moderno, como aponta Navarro ao citar o pontífice. “Algumas pessoas (Francisco poderia ter escrito a maioria dos establishments econômicos, financeiros, políticos e midiáticos europeus e estadunidenses) continuam defendendo as teorias do “trickle-down”, segundo as quais a concentração de riqueza produzida no crescimento econômico (capitalista) e em seus mercados trará inevitavelmente maior justiça e inclusão, ao aumentar a riqueza, melhorar a vida de todos e a coesão social. Essa opinião, que nunca foi confirmada por dados, expressa uma fé ingênua e crua na bondade dos que concentram o poder econômico e na eficiência sacrossanta do sistema econômico existente”.
Não é necessário ser um seguidor da Igreja Católica para admitir a propriedade que Francisco tem quando fala do capitalismo moderno.  Ao acusá-lo de ser marxista e atacá-lo por defender os mais oprimidos pelo sistema,  afirmando que o Jesus capitalista pregou contra a “distribuição de riqueza”, os conservadores caem no ridículo, ainda mais quando nos lembramos de algumas de suas clássicas e verdadeiras pregações, como “abençoados sejam os pobres” ou “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulho do que um rico entrar no Paraíso”.
Outra forma de criticar Francisco é compará-lo também a seus predecessores e seus antagonismos ao pensamento marxista. O falecido João Paulo II, por exemplo, é apontado como um dos grandes responsáveis pela derrota vermelha na Guerra Fria, junto ao ex-presidente norte-americano, Ronald Reagan. O comentarista financeiro da conservadora Fox News, Stuart Varney, apontou que “ele entendia que os livres mercados são necessários, pois cresceu sob um regime comunista”. Pouco mais de um ano atrás, Bento XVI destacou a falha do marxismo em Cuba: “Hoje é evidente que a ideologia marxista, como foi concebida, não corresponde à realidade”.
Ironicamente, todos esses críticos de Francisco e defensores da econômica global fazem parte do “Tea Party”, a mesma linha conservadora republicana que poucos meses atrás quase provocou uma crise mundial com a paralisação do governo dos EUA, fazendo a Casa Branca de “refém” e a qual, Noam Chomsky classificou como profundamente reacionária.  Não é a toa que as críticas ao Vaticano se juntam aos ataques a Obama.

Em tempo: o papa Francisco acaba de ser escolhido como a personalidade de 2013 pela revista Time. No ano passado havia sido Barack Obama.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Veja Você

Veja Você

Veja você, eu que tanto cuidei da minha paz
Tenho o peito doendo, sangrando de amor
Por demais
Na dor eu sei a extensão da loucura que fiz
Eu que acordo cantando
Sem medo de ser infeliz

Quem te viu, quem te vê, hein, rapaz?
Você tinha era manias demais
Mas aí o amor chegou
Desabou a sua paz
Despediu seu desamor pra nunca mais
Algum dia você vai compreender
A extensão de todo bem que eu lhe fiz
E você há de dizer: meu amor, eu sou feliz
Quem te viu e quem te vê, hein, rapaz?
Vinicius de Moraes
PARA VIVER UM GRANDE AMOR
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
Vinicius de Moraes

SONETO DO MAIOR AMOR

SONETO DO MAIOR AMOR


Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.


E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.


Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo


Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Vinicius de Moraes
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinicius de Moraes

Fortaleza foi apontada como a “capital da exploração sexual infantil” no Brasil e destaca a vinda da Copa do Mundo de 2014 como cenário favorável para a promoção da indústria ilegal do sexo

Jornal inglês aponta Fortaleza como a “capital da prostituição infantil”


No impresso, Fortaleza foi apontada como a “capital da exploração sexual infantil” no Brasil e destaca a vinda da Copa do Mundo de 2014 como cenário favorável para a promoção da indústria ilegal do sexo (FOTO: Flickr Creative Commons)

No impresso, Fortaleza foi apontada como a “capital da exploração sexual infantil” no Brasil e destaca a vinda da Copa do Mundo de 2014 como cenário favorável para a promoção da indústria ilegal do sexo (FOTO: Flickr Creative Commons)
por Felipe Lima e Rosana Romão
18 horas na Praia de Iracema, litoral de Fortaleza. Crianças e adolescentes passeiam pelo calçadão. Do outro lado, nos bares ou nas janelas límpidas dos grandes hotéis da região, homens loiros e altos observam a movimentação. A caça e o caçador separados por alguns dólares ou até mesmo um lanche qualquer.
Essa realidade é observada facilmente na capital cearense. Marca triste, Fortaleza vem sendo apontada como principal destino quando o assunto é turismo sexual. Esta situação foi levantada nesta segunda-feira (9) por um dos maiores jornais britânicos, o The Guardian.
No impresso, Fortaleza foi apontada como a “capital da exploração sexual infantil” no Brasil e destaca a vinda da Copa do Mundo de 2014 como cenário favorável para a promoção da indústria ilegal do sexo.
Segundo o Fórum Nacional de Prevenção ao Trabalho Infantil (organização não governamental), o número de crianças e adolescentes envolvidas com prostituição em 2012, compreendia cerca de 500 mil, o que representa um aumento de cinco vezes desde 2001 quando as estimativas da Unicef apontavam que 100 mil crianças trabalhavam no comércio do sexo.
Um dos pontos turísticos do sexo indicados na matéria, é a Avenida Juscelino Kubitschek, no Bairro Castelão, que dá acesso à Arena Castelão, estádio que vai receber pelo menos seis jogos, incluindo as seleções do Brasil, Alemanha e Uruguai. Com a chegada da Copa do Mundo de 2014, a preocupação é ainda maior, pois este trecho será um dos mais movimentados da cidade. Teme-se ainda, segundo o jornal, que profissionais do sexo migrem para as cidades sede e junto a isso, os cafetões “recrutem” mais jovens para atender à demanda dos turistas que procuram por esse tipo de turismo.
Para discutir a citação do The Guardian, o Tribuna do Ceará procurou a Delegacia de Combate à Criança e Adolescente (Dececa) e a Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza (SDH), mas até a publicação desta matéria, mas somente a segunda respondeu.
Segundo a SDH, a Prefeitura de Fortaleza, por meio da Coordenadoria da Criança e do Adolescente da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos, vem atuando em diversos programas com foco na criança e no adolescente. Programas que foram criados para fortalecer a relação familiar e enfrentar a vulnerabilidade social e a violação de direitos. Desta forma tem atuado diretamente junto a esse público por meio de politicas públicas para uma melhoria na qualidade vida e no desenvolvimento humano. Além dos programas, a Prefeitura diz que mantém quatro espaços específicos para o abrigamento de crianças e adolescentes em situação de risco de violência: Casa dos Meninos, Casa das Meninas, Espaço Temporário de Acolhimento e Espaço Aquarela.
Para reforçar o combate ao turismo sexual, foi criado o Programa Ponte de Encontro, todos realizam “Busca Ativa” em vários pontos de Fortaleza. No entanto, ainda há uma equipe específica de educadores para Busca Ativa em relação à exploração sexual, no período noturno.
Proteção na Copa
Atualmente, a Secretaria integra o Comitê Integral de Proteção a Criança e o Adolescente e vem atuando desde o início do ano com ações que culminaram na Copa das Confederações e se prepara para novas atividades para a Copa 2014. O Comitê é composto por instituições do estado, município e a sociedade civil.
Como uma das 12 cidades sedes, o desenvolvimento da campanha de enfrentamento a violência sexual contra crianças e adolescentes “Não desvie o Olhar” em Brasília ganhou reforço. A campanha será deflagrada nos aeroportos, rodoviárias, terminais de ônibus e nas fan-fest, lugar de maior concentração de público durante os jogos. “Não desvie o Olhar” tem promoção da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a parceria das cidades sedes.
Disque Denúncia
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2003, passou a contar com uma área específica para tratar da prática da violência sexual cometida contra crianças e adolescentes. A partir do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (PNEVSCA), iniciativas importantes foram implementadas, como o Disque 100 e o PAIR (Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual, Infanto-Juvenil no Território Brasileiro).
Entre 2011 e 2012, foram registradas 10.892 denúncias relacionadas à violação de vulnerável somente no Ceará por meio do Disque 100. O número representa um crescimento de 73,79% fazendo com que o estado fique em 7º na taxa de crescimentos entre as demais Unidades da Federação.

sábado, 7 de dezembro de 2013

O significado de Mandela para o futuro ameaçado da humanidade


O significado de Mandela para o futuro ameaçado da humanidade

07/12/2013
Nelson Mandela, com sua morte, mergulhou no inconsciente coletivo da humanidade para nunca mais sair de lá porque se transformou num arquétipo universal, do injustiçado que não guardou rancor, que soube perdoar, reconciliar pólos antagônicos e nos transmitir uma inarredável esperança de que o ser humano ainda pode ter jeito. Depois de passar 27 anos de reclusão e eleito presidente da Africa do Sul em 1994, se propos e realizou o grande desafio de transformar uma sociedade estruturada na suprema injustiça do apartheid que desumanizava as grandes maiorias negras do pais condenando-as a não-pessoas, numa sociedade única, unida, sem discriminações, democrática e livre.
E o conseguiu ao escolher o caminho da virtude, do perdão e da reconciliação. Perdoar não é esquecer. As chagas estão ai, muitas delas ainda abertas. Perdoar é não permitir que a amargura e o espírito de vingança tenham a última palavra e determinem o rumo da vida. Perdoar é libertar as pessoas das amarras do passado, é virar a página e começar  a escrever outra a quatro mãos, de negros e de brancos. A reconciliação só é possível e real quando há a admissão completa dos crimes  por parte de seus autores e o pleno conhecimento dos atos por parte das vítimas. A pena dos criminosos é a condenação moral diante de toda a sociedade.
Uma solução dessas, seguramente originalíssima, pressupõe um conceio alheio à nossa cultura individualista: o ubuntu que quer dizer: “eu só posso ser eu através de você e com você”. Portanto, sem um laço permanente que liga todos com todos, a sociedade estará, como na nossa, sob risco de dilaceração e de conflitos sem fim.
Deverá figurar nos manuais escolares de todo mundo esta afirmação humaníssima de Mandela:”Eu lutei contra a dominação dos brancos e lutei contra a dominação dos negros. Eu cultivei a esperança do ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas e em harmonia e têm oportunidadades iguais. É um ideal pelo qual eu espero viver e alcançar. Mas, se preciso for, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.
Por que a vida e a saga de Mandela funda uma esperança no futuro da humanidade e de nossa civilização? Porque chegamos ao núcleo central de uma conjunção de crises que pode ameaçar o nosso futuro como espécie humana. Estamos em plena sexta grande extinção em massa. Cosmólogos (Brian Swimm) e biólogos (Edward Wilson) nos advertem que, a correrem as coisas como estão, chegaremos por volta do ano 2030 à culminância desse processo  devastador. Isso quer dizer que a crença persistente no mundo inteiro, também no Brasil, de que o crescimento econômico material nos deveria trazer desenvolvimento social, cultural e espiritual é uma ilusão. Estamos vivendo tempos de barbárie e  sem esperança.
Cito o o insuspeito Samuel P. Huntington, antigo assessor do Pentágono e um analista perspicaz do processo de globalização no término de seu O choque de civilizações: “A lei e a ordem são o primeiro pré-requisito da civilização; em grande parte no mundo elas parecem estar evaporando; numa base mundial, a civilização parece, em muitos aspectos, estar cedendo diante da barbárie, gerando a imagem de um fenômeno sem precedentes, uma Idade das Trevas mundial, que se abate sobre a Humanidade”(1997:409-410).
Acrescento a opinião do conhecido filósofo e cientista político Norberto Bobbio que como Mandela acreditava nos direitos humanos e na democracia como valores para equacionar o problema da violência entre  os Estados e para uma convivência pacífica. Em sua última entrevista declarou:”não saberia dizer como será o Terceiro Milênio. Minhas certezas caem e somente um enorme ponto de interrogação agita a minha cabeça: será o milênio da guerra de extermínio ou o da concórdia entre os seres humanos? Não tenho condições de responder a esta indagação”.
Face a estes cenários sombrios Mandela responderia seguramente, fundado em sua experiência política: sim, é possível que o ser humano se reconcilie consigo mesmo, que sobreponha sua dimesão de sapiens  à aquela de demens e inaugure uma nova forma de estar  juntos na mesma Casa.
Talvez valham as palavras de seu grande amigo, o arcebispo Desmond Tutu que coordenou o processo de Verdade e Reconciliação:“Tendo encarado a besta do passado olho no olho, tendo pedido e recebido perdão e tendo feito  correções, viremos agora a página — não para esquecer esse passado, mas para não deixar que nos aprisione para sempre. Avancemos em direção a um futuro glorioso de uma nova sociedade em que as pessoas valham não em razão de irrelevâncias biológicas ou de outros estranhos atributos, mas porque são pessoas de valor infinito, criadas à imagem de Deus”.
Essa lição de esperança nos deixa Mandela: nós ainda viveremos se sem discriminações pusermos em prática de fato o Ubuntu.

Leonardo Boff escreveu Cuidar da Terra, proteger a vida: como evitar o fim do mundo, Record, Rio 2010.

domingo, 1 de dezembro de 2013

O esquerdista fanático e o direitista visceral: dois perfeitos idiotas


Direitista visceral e esquerdista fanático – os dois são perfeitos idiotas. O direitista padece da doença senil do capitalismo e o esquerdista, como afirmou Lênin, da doença infantil do comunismo

Por Frei Betto

Nada mais parecido a um esquerdista fanático, desses que descobrem a nefasta presença do pensamento neoliberal até em mulheres que o repudiam, do que um direitista visceral, que identifica presença comunista inclusive em Chapeuzinho Vermelho.
Os dois padecem da síndrome de pânico conspiratório. O direitista, aquinhoado por uma conjuntura que lhe é favorável, envaidece-se com a claque endinheirada que o adula como um dono a seu cão farejador. O esquerdista, cercado de adversários por todos os lados, julga que a história resulta de sua vontade.
frei betto direita esquerda
Frei Betto: “Embora mineiro, não fico em cima do muro. Sou de esquerda, mas não esquerdista”.
O direitista jamais defende os pobres e, se eventualmente o faz, é para que não percebam quão insensível ele é. Mas nem pensar em vê-lo amigo de desempregados, agricultores sem terra ou crianças de rua. Ele olha os deserdados pelo binóculo de seu preconceito, enquanto o esquerdista prefere evitar o contato com o pobre e mergulhar na retórica contida nos livros de análises sociais.
O esquerdista enche a boca de categorias teóricas e prefere o aconchego de sua biblioteca a misturar-se com esse pobretariado que nunca chegará a ser vanguarda da história.
O direitista adora desfilar suas ideias nos salões, brindado a vinho da melhor safra e cercado por gente fina que enxerga a sua auréola de gênio. O esquerdista coopta adeptos, pois não suporta viver sem que um punhado de incautos o encarem como líder.
O direitista escreve, de preferência, para atacar aqueles que não reconhecem que ele e a verdade são duas entidades numa só natureza.
O esquerdista não se preocupa apenas em combater o sistema, também se desgasta em tentar minar políticos e empresários que, a seu ver, são a encarnação do mal.
O direitista posa de intelectual, empina o nariz ao ornar seus discursos com citações, como a buscar na autoridade alheia a muleta às suas secretas inseguranças. O esquerdista crê na palavra imutável dos mentores do marxismo e não admite outra hermenêutica que não a dele.
O direitista considera que, apesar da miséria circundante, o sistema tem melhorado. O esquerdista vê no progresso avanço imperialista e não admite que seu vizinho possa sorrir enquanto uma criança chora de fome na África.
O direitista é de uma subserviência abjeta diante dos áulicos do sistema, políticos poderosos e empresários de vulto, como se em sua cabeça residisse a teoria que sustenta todo o edifício de empreendimentos práticos que asseguram a supremacia do capital sobre a felicidade geral.
O esquerdista não suporta autoridade, exceto a própria, e quando abre a boca plagia a si mesmo, já que suas minguadas ideias o obrigam a ser repetitivo. O direitista é emotivo, prepotente, envaidecido. O esquerdista é frio, calculista e soberbo.
O direitista irrita-se aos berros se encontra no armário a gola da camisa mal passada. Dedicado às grandes causas, as pequenas coisas são o seu tendão de Aquiles.
O direitista detesta falar em direitos humanos, e é condescendente com a tortura. O esquerdista admite que, uma vez no poder, os torturados de hoje serão os torturadores de amanhã.
O direitista esbraveja por ver tantos esquerdistas sobreviverem a tudo que se fez para exterminá-los: ditaduras militares, fascismo, nazismo, queda do Muro de Berlim, dificuldade de acesso à mídia etc. O esquerdista considera o direitista um candidato ao fuzilamento.
Direitista e esquerdista – os dois são perfeitos idiotas. O direitista padece da doença senil do capitalismo e o esquerdista, como afirmou Lênin, da doença infantil do comunismo.
Embora mineiro, não fico em cima do muro. Sou de esquerda, mas não esquerdista. Quero todos com acesso a pão, paz e prazer, sem que os direitistas queiram reservar tais direitos a uma minoria, e sem que os esquerdistas queiram impedir os direitistas de acesso a todos os direitos – inclusive o de expressar suas delirantes fobias.

Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org

sábado, 23 de novembro de 2013

Seremos uma célula cancerígena a ser extirpada?


Seremos uma célula cancerígena a ser extirpada?

23/11/2013
Há  negacionistas da Shoah (eliminação de milhões de judeus nos campos nazistas de extermínio) e há negacionistas das mudanças climáticas da Terra. O primeiros recebem o desdém de toda a humanidade. Os segundos, que até há pouco sorriam cinicamente, agora veem dia a dia suas convicções sendo refutadas pelos fatos inegáveis. Só se mantem coagindo cientistas para não dizerem tudo o que sabem como foi denunciado por diferentes e sérios meios alternativos de comunição. É a razão ensandecida que busca a acumulação de riqueza sem qualquer outra consideração.
Em tempos recentes temos conhecido eventos extremos da maior gravidade: Katrina e Sandy nos USA, tufões terríveis no Paquistão e em Bengladesh, o tsunami no Sudeste da Ásia e o tufão  no Japão que perigosamente danificou as usinas nucleares em Fukushina e ultimamente o avassalador tufão Haiyan nas Filipinas com milhares de vítimas.
Sabe-se hoje que a tempertura do Pacífico tropical, de onde nascem os principais tufões, ficava normalmente abaixo de 19,2ºC. As águas marítimas foram aquecendo a ponto de a partir de 1976 ficarem por volta de 25ºC e a partir de 1997/1998 alcançaram 30ºC. Tal fato produz grande evaporação de água. Os eventos extremos ocorrem a partir de 26ªC. Com o aquecimento, os tufões estão acontecendo com cada vez mais frequência e maior velocidade. Em 1951 eram de 240 km/h; em 1960-1980 subiram para 275 km/h; em 2006 chegaram a 306 km/h e em 2013 aos terrificantes 380 km/h.
Nos últimos meses quatro relatórios oficiais de organismos ligados a ONU lançaram veemente alerta sobre as graves consequência do crescente aquecimento global. Com 90% de certeza é comprovadamente provocado pela atividade irresponsável dos seres humanos e dos países industrializados.
Em setembro o IPPC que articula mais de mil cientistas o confirmou; o mesmo o fez o Programa do Meio Ambiente da ONU (PNUMA); em seguida o Relatório Internacional do Estado dos Oceanos denunciando o aumento da acidez  que por isso absorve menos C02; finalmente em 13 de novembro em Genebra a Organização Meteorológica Mundial. Todos são unânimes em afirmar que não estamos indo ao encontro do aquecimento global: já estamos dentro dele. Se nos inícios da revolução industrial o CO2 era de 280 ppm (parte de um milhão), em 1990 elevou-se a 350 ppm e hoje chegou a 450 ppm. Neste ano noticiou-se que em algumas partes do planeta já se rompeu a barreira dos 2ºC o que pode acarretar danos irreversíveis para os seres vivos.
Poucas semanas atrás, a Secretária Executiva da Convenção do Clima da ONU, Christina Figueres, em plena entrevista coletiva, desatou em choro incontido por denunciar que os países quase nada fazem para a adaptação e a mitigação do aquecimento global. Yeb Sano das Filipinas, na 19ª Convenção do Clima em Varsóvia ocorrida entre 11-22 de novembro, chorou diante de represenantes de 190 países contando o horror do tufão que dizimou seu pais, atingindo sua própria família. A maioria não pode conter as lágrimas. Mas para muitos eram lágrimas de crocodilo. Os representantes já trazem no bolso as instruções previamente tomadas por seus governos e os grandes dificultam por muitos modos qualquer consenso. Lá estão também os donos do poder no mundo, donos das minas de carvão,  muitos acionistas de petrolíferas ou de siderurgias movidas a carvão, as montadoras e outros. Todos querem que as coisas continueam como estão. É o que de pior nos pode acontecer, porque então o caminho para o abismo se torna mais direto e fatal.Por falta de consenso entre os representantes dos povos, desprezando os dados cienficos, se entende que as centenas ONGs presentes na 19.Convenção sobre o clima em Varsóvia abandonaram as discussões e em protesto foram embora.
Por que essa irracional resistência às mudanças que nos podem salvar?
Respondendo, vamos diretos à questão central: esses caos ecológico é tributado ao nosso modo de produção que devasta a natureza e alimenta a cultura do consumismo ilimitado. Ou mudamos nosso paradigma de relação para com a Terra e para com os bens e serviços naturais ou vamos irrefreavelmente ao encontro do  pior. O paradigma vigente se rege por esta lógica: quanto posso ganhar com o menor investimento possível, no mais curto lapso de tempo, com inovação tecnológica e com maior potência competitiva? A produção é para o puro e simples consumo que gera a acumulação, este, o objetivo principal. A devastação da natureza e o empobrecimento dos ecossistemas aí implicados são meras externaliddes (não  entram na contabilidade empresarial). Como a economia neoliberal se rege estritamente pela competição e não pela cooperação, se estabelece uma guerra de mercados, de todos contra todos. Quem paga a conta  são os seres humanos (injustiça social) e a natureza (injustiça ecológica).
Ocorre que a Terra não aguenta mais este tipo de guerra total contra ela. Ela precisa de um ano e meio para repor o que lhe arrancamos durante um ano. O aquecimento global é a febre que denuncia estar doente e gravemente doente.
Ou começamos a nos sentir parte da natureza e então a respeitamos como a nós mesmos, ou passamos do paradigma da conquista e da dominação para aquele do cuidado e da convivência e produzimos respeitando os ritmos naturais e dentro dos limites de cada ecossistema ou então preparemo-nos para as amargas lições que a Mãe Terra no dará. E não é excluida a possibilidade de que ela já não nos queira mais sobre sua face e se liberte de nós como nos libertamos de uma célula cancerígena. Ela continuará, coberta de cadáveres, mas sem nós. Que Deus não permita semelhante e trágico destino.

Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra e cuidar da vida:como escapar do fim do mundo, Record, Rio de Janeiro 2011.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Operação da PF contra a pedofilia prende um suspeito em Fortaleza

Operação da PF contra a pedofilia prende um suspeito em Fortaleza

Resultado final da operação deverá ser divulgado ainda nesta terça-feira pela PF

19/11/2013
 
A Operação Glasnost, uma das maiores no combate à pedofilia no Brasil, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (19) realizou quatro mandados de busca e apreensão e uma prisão em flagrante no Ceará.
Polícia Federal realiza operação no combate à pedofilia no Brasil (FOTO: Divulgação)
Polícia Federal realiza operação no combate à pedofilia no Brasil (FOTO: Divulgação)

Com dois anos de investigação, a operação identificou quase uma centena de brasileiros envolvidos com a produção e o compartilhamento de imagens relacionadas à exploração sexual de crianças e adolescentes na internet. Cerca de 400 policiais federais participam da operação que ocorre em 11 estados brasileiros: Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Maranhão, Minas Gerais, Bahia e Goiás.
De acordo com a PF além dos alvos da Operação Glasnost, mais de 200 suspeitos continuam sob investigação. Entre os suspeitos foram identificados, até o momento, três abusadores sexuais. Um deles abusava sexualmente da própria filha, de apenas 5 anos de idade, e compartilhava as imagens desses abusos na internet com outros pedófilos ao redor do mundo. O resultado final da operação deverá ser divulgado ainda nesta terça-feira pela PF.


Fonte:TRIBUNA DO CEARÁ

Garota de 13 anos vivia como refém no Papicu

Garota de 13 anos vivia como refém no Papicu

Publicado em 19/11/2013 
Foto: JL. Rosa
Foto: JL. Rosa

Durante uma investigação de denúncia de cárcere privado, inspetores do 15° DP (Cidade 2000), comandados pelo delegado Hélio Marques de Carvalho, prenderam Roberto Lopes da Silva, 25, por crime de estupro de vulnerável contra uma garota de apenas 13 anos. O fato ocorreu na Travessa Rio Claro, no limite das comunidades Verdes Mares e do Trilho, no Papicu (zona Leste).
Roberto fugiu na primeira vez que os policiais foram lá, porém não escapou do segundo cerco. A garota estava bastante lesionada devido à última agressão sofrida. Depois de resgatada pela Polícia, ela foi entregue à família.
O titular do 15ºDP informou que contra o suspeito existem também acusações de tráfico de drogas e roubo. Na casa onde ele mantinha a adolescente como refém foram encontrados vários celulares tomados de assalto.
Os aparelhos foram devolvidos às vítimas e os que não foram reclamados estão no 2ºDP (Aldeota), pois os roubos foram praticados na Avenida Abolição.
Roberto Lopes utilizava a motocicleta Honda de placas NUR-4349 na fuga após cada assalto. O veículo também foi encontrado na residência. A vítima de agressões e abuso sexual estava com Roberto Lopes há cerca de três anos. Os familiares da menina eram ameaçados de morte constantemente. Os vizinhos contaram que sempre ouviam os gritos da garota, quando estava sendo espancada pelo bandido.
Na manhã desta terça-feira (19),  Hélio Marques de Carvalho recebeu um telefonema da colega delegada Ivana Timbó, titular da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa). Ela queria informações sobre as acusações que pesam contra Roberto Lopes da Silva. O acusado foi transferido para a Dececa, mas terá de prestar depoimento no 2ºDP, devido às acusações de roubo.

Mãe é presa por vender virgindade da filha de 14 anos | O POVO

Mãe é presa por vender virgindade da filha de 14 anos | O POVO

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Polícia Federal deflagra maior operação já feita de combate à pedofilia

Agência Brasil
Atualizado em 19.11.2013 - 22h32

A investigação foi feita ao longo de dois anos e identificou quase uma centena de brasileiros envolvidos
Brasília- A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (19) uma das maiores operações de combate à pedofilia já feita no Brasil. A Operação Glasnost como foi batizada, já expediu cerca de 80 mandados de busca e apreensão, além de 20 medidas de condução coercitiva e pelo menos um mandado de prisão preventiva. A ação ocorre em 11 estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Bahia e Goiás. Cerca de 400 policiais federais participam da operação.
Entre os alvos da operação há pessoas de todas as idades e profissões, incluindo um policial militar, um soldado da Aeronáutica, vários professores, bem como um chefe de grupo de escoteiros. Os investigados compartilhavam fotos e vídeos de crianças, adolescentes e até de bebês, muitos deles sendo abusados sexualmente por adultos, e as enviavam para seus contatos no Brasil e no exterior.
A investigação foi feita ao longo de dois anos e identificou quase uma centena de brasileiros envolvidos com a produção e o compartilhamento de imagens relacionadas à exploração sexual de crianças e adolescentes na internet. Em todos os casos em que foram identificados abusadores, foram tomadas providências imediatas, a fim de que os abusos fossem prontamente interrompidos.
De acordo com a PF além dos alvos da Operação Glasnost, mais de 200 suspeitos continuam sob investigação. Entre os suspeitos foram identificados, até o momento, três abusadores sexuais.Um deles abusava sexualmente da própria filha, de apenas 5 anos de idade, e compartilhava as imagens desses abusos na internet com outros pedófilos ao redor do mundo.
A equipe de policiais envolvidos na Operação Glasnost também identificou brasileiros residentes nos Estados Unidos. Eles estão sendo investigados com a colaboração da Agência Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI). O resultado final da operação, incluindo o número de pessoas presas em flagrante durante o cumprimento das medidas, deverá ser divulgado ainda hoje pela PF.
Edição: Marcos Chagas//A Polícia Federal (PF) corrigiu, às 21h, a informação divulgada em boletim e reproduzida pela Agência Brasil que entre os presos na Operação Glasnost estaria um oficial da Aeronáutica. Segundo a PF, entre os envolvidos em crimes de pedofilia está um soldado da Aeronáutica. Matéria corrigida às 21h20.
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias, é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Gravidez precoce é tema de colóquio

Implicações

Gravidez precoce é tema de colóquio

04.11.2013
Trocar uma infância de brincadeiras para se tornar responsável por uma vida que está sendo gerada quase nunca é uma situação desejável. A gravidez em crianças e jovens ainda é um assunto que merece grande atenção, já que envolve diversos fatores, que serão discutidos por diversas Organizações Não-Governamentais e pelo Instituto da Infância (Ifan).

De acordo com Evelyn Einsentein, integrante da ONG Visão Mundial, a falta de informação e acompanhamento integrado são obstáculos Foto: Helosa Araújo

Durante os dias 7 e 8 de novembro, no Hotel Mareiro (Av. Beira Mar, 2380), o Colóquio Primeira Infância e Gravidez na Adolescência - Desafios e Repercussões Clínicas, Psicossociais e Políticas Públicas, contando com o apoio do Ministério da Saúde, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), da Organização Pan Americana e Unicef, debaterá esse tema a fim de fomentar a discussão e fortalecer os conhecimentos sobre gravidez na adolescência e suas implicações na primeira infância, além de políticas públicas e intervenções de atenção primária e ações de proteção.

Na ocasião, serão lançados os livros "Esse Mundo Digital" e "A Contribuição da Estratégia Brasileirinhos e Brasileirinhas saudáveis para a construção de uma política de atenção integral à saúde da criança".

Estatísticas

Apesar de ser um assunto que vem sendo discutido há muitos anos, a preocupação continua. De acordo com a Sesa, de 2005 a 2012, o número de partos em adolescentes cearenses diminuiu em 20%. Apesar desta queda, os índices de mortalidade infantil de prematuros e baixo peso dos nascituros de mães adolescentes, ainda chama bastante atenção.

"Mesmo existindo distribuição gratuita de contraceptivos nos postos de saúde espalhados por todo o País, as adolescentes ainda estão ficando grávidas, ainda não têm os cuidados necessários, ainda chegam às unidades de atendimento somente após o segundo trimestre, após descobrir a gestação. Em outros casos, por repressão familiar, essa gestação é escondida", lamenta Evelyn Einsentein, integrante da ONG Visão Mundial, que fará parte da mesa de discussão do Colóquio Primeira Infância e Gravidez na Adolescência.

De acordo com ela, ainda há falta de informação e acompanhamento integrado, já que as mães adolescentes buscam atendimento tardiamente ou, até mesmo, não têm conhecimento de que está gestante. "Tivemos grandes avanços, mas as unidades neonatais continuam cheias", avalia.

"O Brasil inteiro está lutando por essa causa. O Ceará é um grande participante nessa discussão e na luta contra o aumento das taxas. Porém, o Norte e Nordeste ainda não conseguiram diminuir os altos números de mortalidade de mães adolescentes e bebês", destaca Evelyn.

Mais informações

Inscrições e programação completa: http://www.primeirainfancia.org.br/
Telefone: (85) 3268-3979
Um crime que limita a liberdade dos trabalhadores e trabalhadoras

O trabalho forçado ou obrigatório é qualquer tipo de trabalho ou serviço exigido a um indivíduo, sob a ameaça de qualquer tipo de punição, e para o qual tal indivíduo não se oferece voluntariamente.
Este será o eixo temático das atividades do mês de novembro: o trabalho forçado e sua relação com o trabalho infantil. Esta semana colocamos o foco na situação do Brasil, país em que no ano de 2003 cerca de 25.000 pessoas estavam submetidas a trabalho forçado.
A colocação em funcionamento, desde 1996, de diferentes iniciativas, como o projeto da OIT Combate ao Trabalho Forçado no Brasil, teve como resultado o resgate de mais de 5.000 pessoas só no ano de 2003, assim como a publicação de uma “lista suja” de empresas que se beneficiam do trabalho forçado.
Conheça mais detalhes destes programas e comente conosco esta situação no primeiro debate: Combate ao trabalho forçado no Brasil.
Além disso, já é possível descarregar as contribuições da América Latina para a eliminação do trabalho infantil, resultado das 4 etapas do IV Encontro Internacional contra o Trabalho Infantil. Descarregue-as gratuitamente através de nossa Biblioteca.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

CARTA ABERTA AO SENADO FEDERAL EM REPÚDIO À DECLARAÇÃO PRECONCEITUOSA DO SR. CLAUDIO DE MOURA CASTRO
 
Brasil, 28 de outubro de 2013.
 
As entidades e movimentos da sociedade civil que participam dos debates para construção do novo Plano Nacional de Educação (PNE), desde a I Conae (Conferência Nacional de Educação, 2010), manifestam seu repúdio e exigem retratação pública à 1Cproposição 1D desrespeitosa apresentada pelo Sr. Claudio de Moura Castro, em audiência pública realizada no dia 22 de outubro de 2013, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal.
 
Na ocasião, buscando reforçar seu argumento de que o PNE é inconsistente devido à participação da sociedade civil, o referido expositor sugeriu, em tom de deboche, que sua proposta ao plano seria oferecer 1Cum bônus para as 18caboclinhas 19 de Pernambuco e do Ceará se casarem com, se conseguirem casar com os engenheiros estrangeiros, porque aí eles ficam aumenta o capital humano no Brasil, aumenta a nossa oferta de engenheiros 1D (sic).
 
Preconceituosa, a 1Cproposição 1D é inadmissivelmente machista e discriminatória. Constitui-se em uma ofensa às mulheres e à educação brasileira, inclusive sugerindo a subjugação das mesmas por estrangeiros. Além disso, manifesta um preconceito regional e racial inaceitável, especialmente em uma sociedade democrática. Entendemos que a diversidade de opiniões não pode significar, de forma alguma, o desrespeito a qualquer pessoa ou grupo social.
 
Compreendemos ainda que tal manifestação representa um desrespeito ao próprio Senado Federal, como Casa Legislativa que deve ser dedicada ao profícuo debate democrático, pautado pela ética e pelo compromisso político, orientado pelos princípios da Constituição Federal de 1988 e de convenções internacionais sobre Direitos Humanos. A elaboração do PNE, demandado pelo Art. 214 da Carta Magna, não deve ceder à galhofa, muito menos quando preconceituosa.
 
Por esta razão, os signatários desta Carta esperam contar com o compromisso dos e das parlamentares em contestar esse tipo de manifestação ofensiva aos brasileiros e às brasileiras. Nesse sentido, esperamos as devidas escusas do Sr. Claudio de Moura Castro, que com seus comentários discriminatórios desrespeitou profundamente nossa democracia e a sociedade.
 

O espancamento do Coronel Rossi foi uma mentira, diz Black Bloc


Confesso que a imagem da surra levada pelo Coronel da PM não me comoveu. Estou habituado a ver o contrário. Não senti pena e não achei um absurdo, afinal, a violência não é patrimônio da polícia ou do estado. Embora saiba que é preciso escolher entre vingança e justiça – e sou pela justiça, por um instante me senti vingado.
Há debates em curso sobre a “novidade” Black Bloc: Qual a validade da tática dos blocs? Até que ponto pode trazer resultados efetivos? O quanto pode servir de justificativa para o endurecimento da política de repressão contra os movimentos sociais e a população em geral? Mas, por que não considerar ou não respeitar outras formas de combate, para além do que é permitido? Eleições, manifestações, greves, passeatas, reuniões, audiências públicas, conferências e conselhos têm garantido pouca ou nenhuma conquista à juventude, às mulheres, aos negros, quilombolas, indígenas, à classe trabalhadora como um todo.
E tiramos os olhos do verdadeiro inimigo.
O texto abaixo foi publicado na página dos Black Bloc SP, ao que parece, por um dos próprios.
Vale a pena ler para nos ajudar a pensar.

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“O espancamento do Coronel Rossi foi uma mentira, peço humildemente pra que vocês leiam uma teoria, que de mentira não tem nada!
Primeiramente queria deixar claro que, Black Bloc, não é uma Quadrilha, não é um Bando e nem um Grupo. Black Bloc é uma tática de ação direta, usada em manifestações, e provém dos Anarquistas. Portanto, aquele que quiser se vestir de preto, cobrir o seu rosto e seguir a ideologia nas manifestações, é livre para isso, diferente do que a mídia e a polícia vem falando todas as semanas, batendo na mesma tecla, querendo achar algum líder, falando que são um grupo de vândalos ou até já vi comentários que aqueles que se vestem de preto são do PT. E vale lembrar que seus atos nas manifestações não é apenas ter como alvo os símbolos do capitalismo (Bancos, Burguer King e etc…), mas eles também se fazem presente na linha de frente das passeatas, para fazer uma barreira entre a população e a Tropa de Choque, e também poderem resgatar, ajudar, aqueles feridos, que passam mal ou o que puderem fazer ( No caso você nunca irá ver essa segunda parte sendo mostrada na televisão).
Black Bloc, existe no mundo inteiro, já esteve e se faz presente em todas as grandes manifestações pelo mundo. Eles são a grande ameaça dos símbolos de Opressão pelo mundo, como a Polícia e os Políticos. Mas aonde eu quero mesmo chegar é na Manipulação que o povo brasileiro vem sofrendo.
Vendo que as pessoas que aderem a tática Black Bloc vem crescendo cada vez mais pelo País, e também ganhando apoio por exemplo, dos Professores em greve do RJ, ou dos ativistas em proteção dos animais como no Instituto Royal, o Sistema vem ficando fudido, e os políticos, polícia, estão desesperados procurando algum jeito de manipular a sociedade, e faze-los ter uma visão que o Black Bloc é algo como o PCC, para depois prende-los, extermina-los , matar se for preciso, e o povo aplaudir de pé.
Primeiro a mídia começou a incriminar todas aquelas pessoas nos protestos em que usavam máscaras, pois bem, atingiram grande parte da população!
A televisão vem mostrando para todo o povo brasileiro, apenas vidros quebrados, fogo, carros da globo virados, para tentar acabar de qualquer jeito com o Black Bloc. Vendo que não deu certo, começaram a tentar da forma mais apelativa possível, e não estou falando dos P2 ( Policiais infiltrados em protestos, para promover quebra-quebra, tumulto e confrontos, para que a polícia venha pra cima de manifestantes pacíficos, e saia como a Polícia que apenas conteve manifestantes exaltados). E sim, do Coronel Rossi! Muitas pessoas vão me perguntar: ’Aquele que apanhou de 10 caras? O que você está falando? Está louco? Isso não faz sentido!’
Pois bem, a polícia tem ido pra cima de manifestantes sem motivo algum nos protestos, e quem está lá sabe disso, e o Black Bloc após esses acontecimentos, tem confrontado a Tropa de Choque e Polícia de frente, não tem abaixado a cabeça, e mesmo assim, não vemos 1 vez na televisão as inúmeras imagens que correm na internet de manifestantes feridos, imprensa sendo agredida, fotógrafos que ficaram cegos, e etc…
Já que nada dessas sujeiras tem dado certo, o que eles bolaram? Vamos colocar um policial apanhando de 10 Black Blocs, divulgar isso para o Brasil todo, e assim mudaremos a imagem deles da água pro vinho!
Pois bem, esse plano sujo da PM = Pau Mandado + Políticos, começou essa semana com a divulgação da notícia em que o Diretor do DEIC, diz para a imprensa que os Black Blocs são uma Organização Criminosa ( Batendo na mesma tecla mais uma vez, mesmo sabendo que não existem líderes ou um grupo).
E na manifestação de ontem pela tarifa livre em SP, aconteceu o teatro que eles tanto ensaiaram! Coronel Rossi que aparece em uma imagem na internet no mesmo protesto, agindo com truculência pra cima de manifestantes, aparece no meio de vários atuantes da tática Black Bloc ao lado de um P2 e ainda li informações de que ele queria apenas negociar com os mesmos. Cá entre nós, até uma criança de 8 anos saberia que um PM aparecendo sozinho no meio de Black Blocs e com um P2 que estava sem farda e ninguém o reconheceria como PM, não ia sair coisa boa! Ainda mais com os nervos a flor da pele, não só dos Black Bloc, mas também dos manifestantes, de terem que levar tanta bomba de gás, spray de pimenta, apanhar e verem presos arbitrariamente nas manifestações.

E outra, ele foi negociar o quê? Vocês acreditam mesmo que ele foi ali para negociar algo? Sendo que já havia agido com violência pra cima de outros no mesmo protesto e sabendo o risco que corria de ir sozinho?
Pois bem, aconteceu o que ele queria, vários o cercaram, e o Coronel apanhou feio, mas muito feio! Tenho 2 perguntas para vocês.
1- A imprensa divulgou que a arma .40 do Coronel foi roubada, em nenhum momento do vídeo, você vê alguém tirando a arma do Coronel da cintura, e se ele tivesse ido mesmo com a intenção de negociar, não iria ir com um pé atrás? Mas nem levou a sua arma! Até porque, se tivesse com ela, pelo menos a sacaria, e iria disparar tiros para o alto ( algo que não é nenhuma novidade em protestos), mas não o fez, preferiu apanhar, e muita gente ainda acha que ele deixou de atirar porque foi um herói, ou elogiam esse fato, puro teatro, ou você acha que alguém ia ser espancado por inúmeras pessoas e não fazer nada tendo um revólver?
2- Porque o Coronel foi com um P2 ao seu lado, que é seu motorista e PM, que viu o coronel ser espancado por quase 1 minuto, e esperou alguns flash e gravações de vídeo para interferir, sacar uma arma, e depois tirá-lo do meio?
Pois é! O teatro foi feito, o coronel apanhou, o P2 esperou apanhar, fazerem filmagens, e depois o tirou de dentro da roda com uma arma na mão!
E pra finalizar com chave de ouro, quando estava saindo rumo ao hospital, com a imprensa na sua frente, disse para os outros policiais não saírem atirando nos manifestantes e não perderem a cabeça depois do ocorrido! Meio irônico ouvir isso de um Coronel, e de uma polícia que tem agido com extrema violência a professores no RJ, manifestantes no Brasil, as mídias independentes, uma polícia que fez prisões arbitrárias no Ocupa Câmara no RJ tanto na noite de ontem em SP, mesmo não tendo espancado algum coronel.
Aí você vai me perguntar: ’Mas se o que eles queriam mesmo era um policial espancado pelos Black Blocs, e filmagens, porque não colocaram um soldadinho qualquer?’
Tudo isso que aconteceu, tem envolvimento político, e é favorável ao sistema, qualquer soldadinho, não iria ter envolvimento com isso, mas um CORONEL, sim! E ai pra finalizar a mentira e manipular ainda mais pessoas, nossa “grande” presidenta Dilma Rousseff postou no twitter o apelo pelas melhoras do Coronel Rossi, e repudiando, incriminando totalmente os Black Blocs. Sim! A nossa presidenta, que nunca abrira a boca pra prestar solidariedade nem para nossa ativista do Greenpeace Ana Paula, que já está presa fazem semanas na Rússia!
Parabéns ao Coronel, que com certeza garantiu sua aposentadoria e um $$ por fora bem gordinho, para a Televisão, que inclusive o Jornal Nacional foi o primeiro a mostrar! E para a presidenta Dilma Rouseff, que ficou fora do twitter por muito tempo, e resolveu voltar por uma coincidência em época de eleição!Querem manipular você, querem transformar o Black Bloc em uma Organização Criminosa, em uma Quadrilha! Não se deixe levar!”

Publicação by Black Bloc SP.