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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

::: Eleita a coordenadora da Província N. Sra. de Guadalupe :::

::: Eleita a coordenadora da Província N. Sra. de Guadalupe :::


Na manhã desta sexta-feira, 05 de dezembro, a Irmã Maria Inês Sampaio foi eleita a primeira coordenadora provincial da Província Nossa Senhora de Guadalupe. A eleição aconteceu em primeiro escrutínio (turno)  A Sessão de Eleição do capítulo provincial acontece em Natal, no Rio Grande do Norte.
Irmã Maria Inês Sampaio tem 49 anos. Ingressou na Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria no ano de 1979. Professou votos religiosos em 1990. Em 1996, realizou profissão perpétua. É formada  em pedagogia e possui pós-graduação em psicodepagogia. Foi diretora Instituto Imaculado Coração de Maria, em São Paulo, e é a atual presidente da regional Goiânia da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB – GO).
A Provincial e seu conselho (que também será eleito neste dia) dinamizarão a caminhada da província nascente pelos próximos três anos. São mais de 150 Irmãs em 36 comunidades, nos estados de Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Paraná, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins e nos países: Bolívia, Haiti e Venezuela. A Sede Provincial será instalada em São Paulo, capital.
Acompanhe a eleição do Conselho Provincial pela nossa FanPage no Facebook: https://www.facebook.com/irmas.icm

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças

23 de Setembro
Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças

Enfrentar o Tráfico de Pessoas é nosso Compromisso: com este lema a Rede um Grito pela Vida assume a luta contra o tráfico de pessoas, atuando com determinação e persistência na prevenção, na atenção às vítimas e na incidência política.
Neste dia 23 de setembro, DIA INTERNACIONAL CONTRA A EXPLORAÇÃO SEXUAL E O TRÁFICO DE MULHERES E CRIANÇAS, a Rede Um grito Pela Vida faz ecoar o seu grito pelo respeito à vida, à liberdade e à justiça. Realiza, através de seus núcleos, em parceria com organizações afins, nos diferentes Estados e Municípios do País, uma série de atividades formativas e de mobilização social (cursos, encontros, seminários, atos públicos, marchas, coletivas de imprensas etc), visando coibir a inserção de novas pessoas neste mercado do crime. Alertando a sociedade sobre a gravidade desta realidade, que configura uma das abomináveis violações de direitos humanos, e reflete as profundas contradições históricas e sociais da sociedade neoliberal, na qual o culto ao dinheiro, ao prazer e o poder está acima das pessoas. 
            O dia 23 de setembro é marcado Internacionalmente pelo Enfrentamento da Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças. A origem desta lembra historicamente a promulgação, na Argentina, no dia 23 de setembro de 1913, da “Lei Palácios”. A primeira lei que punia quem promovesse ou facilitasse a prostituição, a exploração e tráfico de mulheres e crianças. Esta lei inspirou muitos outros países a legislar com o intuito de garantir direitos e proteger as crianças e mulheres contra esta prática de exploração comercial. Essa prática da Argentina foi sendo valorizada e incluída na pauta de luta das organizações, e no dia 23 de setembro de 1999, na Conferência Mundial da Coligação Contra o Tráfico de Mulheres, que aconteceu em Dhâka, Bangladesh. A data foi instituída, como dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças.
Nas últimas décadas, tem-se dado passos significativos no que tange as legislações dos países, no intuito coibir o ingresso e/ou defender e proteger as mulheres e crianças traficadas para exploração sexual, mas, infelizmente a inoperância na execução das leis e a impunidade continuam e os números atestam a cada ano, significativo aumento dos casos de exploração e tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para fins de exploração sexual. 
Segundo os dados da Organização das Nações Unidas (ONU) o número de pessoas traficadas no planeta para este fim, atinge a casa dos quatro milhões anuais. E o Brasil é um dos países campeões no mundo em relação ao fornecimento de pessoas, particularmente mulheres para o tráfico internacional. Estima-se que 700 mil mulheres e crianças passam todos os anos pelas fronteiras internacionais do tráfico humano. E o Brasil é o país é responsável por 15% das pessoas exportadas da América Latina para a Europa[1]
Durante a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, houve aumento de 30% nos casos de exploração sexual de crianças e adolescentes e o número de mulheres para a prostituição no país aumentou em 40 mil. No Brasil, embora esta realidade seja bastante subnotificada, dados divulgados pela Secretaria de Direitos Humanos, meses antes da realização da copa do mundo, revelaram que o Disque 100, no período de 2003 – 2011 registraram 275.638 denúncias de violações de direitos humanos de crianças e adolescentes; do total, 27.664 referem-se a casos de exploração sexual de meninas e meninos, em média de 294 denúncias por mês. Informações da Agencia Brasil registram um “aumento significativo” no número de casos de exploração sexual de crianças no Brasil. Eles destacam que as denúncias de crimes dessa natureza aumentaram 41% em relação ao mesmo período do ano passado durante o período da Copa do Mundo. O número saltou de 524, de 12 de junho a 13 de julho do ano passado, para 740 no mesmo período deste ano. 
Essas informações demonstram as que as muitas Campanhas de Prevenção realizadas durante a copa do mundo, dentre elas a campanha Jogue a Favor da Vida: Denuncie o Tráfico de Pessoas, organizada pela Rede Um grito pela Vida, contribuíram para o aumento das denuncias e estas por sua vez demonstraram que houve crescimento nos casos de exploração sexual e possivelmente tráfico de mulheres e crianças durante a Copa do mundo no Brasil especialmente nos estados de maiores atrações turísticas e fluxos populacional. 
Segundo a Associação Barraca da Amizade, instituição que desenvolve programas de enfrentamento à exploração sexual de crianças, adolescentes e jovens, através do Projeto Reviver. Constatou-se, a exploração sexual de crianças e adolescentes que foi uma realidade constante nas ruas e principais corredores turísticos de Fortaleza, sobretudo no entorno da Arena do Castelão e da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e nas proximidades da rampa de lixo do bairro Jangurussu. Em três anos, o crescimento foi de 163%. Esse percentual distribui-se assim: Adolescentes e jovens representam 59% dos 142 casos identificados em 2013. Contudo, aponta o levantamento, esse número pode ser ainda maior, já que 36% das pessoas abordadas não informaram a idade exata, seja por medo de repressão ou desconfiança com as equipes do projeto. No que diz respeito ao gênero, 55% são mulheres, sendo 35% meninas com idade entre 15 e 17 anos e 65% na faixa etária de 18 a 26 anos. Já os 45% do sexo masculino possuem entre 14 e 26 anos, dos quais 42% são travestis.[2]
Conscientes desta realidade, a Rede um Grito pela Vida, segue sua missão no enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. E neste, 23 de setembro reafirma sua determinação de continuar realizando ações cada vez mais incisivas e contundentes para dar visibilidade e coibir esta pratica criminosa do tráfico de pessoas, especialmente de mulheres e crianças. Reassume o compromisso de lutar pela superação das causas geradoras desta iníqua realidade que ofende e violenta a vida e de inúmeras mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade: a pobreza, a falta de oportunidades de trabalho, a discriminação de gênero, a violência doméstica, a instabilidade política e econômica de países, a migração forçada, a pornografia midiatizada, a falta de uma legislação adequada e efetiva.
Queremos, neste dia de luta, celebrar nosso compromisso reconhecer as conquistas já alcançadas, alertar a sociedade civil, e chamar poder público ao compromisso, a sair da inalterabilidade, a priorizar e executar as políticas públicas de Enfrentamento ao Tráfico Humano, a ir além dos documentos e a não ficarem só como um “dever cumprido” antes da virada eleitoral. 
Nesse sentido vale ressaltar as palavras proféticas do Papa Francisco, que convoca a todos/as nós Igreja, Vida Religiosa Consagrada, Sociedade civil e poder publico a superação da cultura de indiferença e da inercia: 
            “Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc.” [3]


Papa Francisco também instiga a comunidade cristã e a sociedade em geral a se comprometer no enfrentamento desta desafiadora realidade, que gera uma brutal desumanização e ruptura das relações de FRATERNIDADE:

“Quem dera que se ouvisse o grito de Deus perguntando a todos (as) nós: Onde está teu irmão, tua irmã?[4] Onde está teu irmão/a escravo/a? Onde está teu irmão, tua irmã que estás matando a cada dia na pequena fábrica clandestina, nas redes de prostituição, nas crianças usadas para a mendicidade, naquele/a que tem que trabalhar as escondidas porque não foi regularizado/a?”[5]


Ele faz ainda, uma forte provocação, um chamado à conversão a fim de darmos uma basta a cumplicidade com este “abutre social” , o nome que se poderia dar hoje a este crime, já que está minando a vida de milhares de pessoas [6]·. “Não façamos de conta que não é conosco... Há muita cumplicidade... Onde está teu irmão/a? A pergunta é para todos/as! Nas nossas cidades está instalado este crime mafioso e aberrante e muitos/as tem as mãos cheias de sangue por causa de uma muda e cômoda cumplicidade. ”[7]


Queridas irmãs e irmãos, integrantes da Rede Um Grito pela Vida, parceiros/as na caminhada, sigamos firmes na luta, façamos deste 23 de setembro um dia intenso de manifestação da nossa fé comprometida com a vida e a dignidade humana e a cidadania. Façamos ecoar nas casas, nas escolas, nos centros comunitários, nas praças e nas ruas nosso Grito Pela Vida com nossas mãos entrelaçadas na Rede da solidariedade e da profecia que nos lança cotidianamente no enfrentamento ao tráfico de pessoas. 

_____________________________

[1] Cfr. Artigo de Eurides Alves de Oliveira(ICM) e Manuela Rodríguez Piñeres(OSR), 2013 


[3] Mensagem do Papa Francisco para abertura da CF 2014. 

[4] Gén 4, 9 

[5] PAPA FRANCISCO, Evangelho da Alegria, N° 211 pág. 125. 

[6] NOGUERO, Neive(2013) A doença me curou, pág. 44, Ed Elisie, São Paulo, Brasil 

[7] PAPA FRANCISCO, Evangelho da Alegria, N° 211, pág. 125, 

Nota: Alguns fragmentos deste texto foram extraídos da matéria da mesma autora, publicada no site das Irmãs Oblatas para o Informativo da Rede de Pastoral Oblata- Ações da rede - Edição N° 10, Ano 4- Setembro/2014 
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Ir. Manuela Rodríguez Piñeres (OSR) e Ir. Eurides Alves de Oliveira, ICM
Pela equipe de Coordenação
Rede um Grito pela Vida
BLOG:  gritopelavida.blogspot.com
E-mail: gritopelavida@gmail.com

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Nota Publica abaixo foi aprovada e publicizada ontem Pelo Nosso Comitê das Nações Unidas sobre OS DIREITOS da Criança.

Declaração do Comitê sobre os Direitos da Criança sobre o impacto da situação nos territórios ocupados da Faixa de Gaza 

A Nota Publica abaixo foi aprovada e publicizada ontem Pelo Nosso Comitê das Nações Unidas sobre OS DIREITOS da Criança. 

 

GENEBRA (24 de Julho de 2014) - O Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, manifesta a sua consternação profunda acerca do impacto devastador e duradouro da operação militar israelense "Borda de proteção" na Faixa de Gaza, o que resultou na morte de mais de 600 palestinos, incluindo pelo menos 147 crianças, como deplorava na declaração entregue à Sessão especial do Conselho de Direitos Humanos, Navi Pillay, pela Sra., alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos em 23 de julho de 2014. 

Muitas outras crianças em Gaza foram feridos, perderam os pais ou outros entes queridos, e foram deixadas profundamente traumatizadas. 

A destruição dirigidas a casas, escolas, hospitais e outras instalações também estão afetando gravemente as crianças e privando-as de seus direitos. 

Além disso, um número muito grande de crianças palestinas e israelenses viveram sob o terror das explosões ao longo das últimas semanas, causadas por ataques de foguetes, ataques aéreos e bombardeios. 

Todas as partes envolvidas no conflito devem cumprir as suas obrigações para fornecer proteção especial para crianças. O Comitê lembra que o direito internacional dos direitos humanos, incluindo a Convenção, dispõe sobre os Direitos da Criança, ratificada, aplica-se em todos os momentos, inclusive em situações de conflito armado. Recorda a este respeito as suas observações finais adotadas em 2010 sobre a análise do relatório inicial de Israel sobre a implementação do Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo ao envolvimento de crianças em conflitos armados, em que "... insta o Estado a: (a) Tomar medidas imediatas para cumprir com os princípios fundamentais da proporcionalidade e da distinção consagrados na lei humanitária, incluindo a Convenção de Genebra relativa à Protecção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra, de 1949, que estabelecem os padrões mínimos para a proteção de civis em conflitos armados; (b) Prestar especial atenção ao direito à vida de crianças palestinas ... "(CRC/C/OPAC/ISR/CO/1, Para.11). 

A Comissão apela a um cessar-fogo imediato para parar o espiral de violência, proteger os civis (em particular as crianças), e lançar as bases para uma paz sustentável. 

O Comitê reitera apelos a uma investigação rápida, imparcial, independente e eficaz sobre as alegações credíveis de violações de direitos no âmbito da Convenção, e para este fim saúda a decisão do Conselho de Direitos Humanos por estabelecer uma comissão de inquérito sobre o assunto.


Wanderlino Nogueira Neto
Membro do Comitê das Nações Unidas para os Direitos da Criança

domingo, 20 de julho de 2014

Sobre o morrer - RUBEM ALVES

RUBEM ALVES

Sobre o morrer



Tenho terror de ser enganado. Se estiver para morrer, que me digam. Quero tempo para escrever o meu haikai

"NINGUÉM QUER morrer. Mesmo as pessoas que querem chegar ao paraíso. Mas a morte é o destino de todos nós." (Steve Jobs)
Odeio a ideia de morte repentina, embora todos achem que é a melhor. Discordo. Tremo ao pensar que o jaguar negro possa estar à espreita na próxima esquina. Não quero que seja súbita. Quero tempo para escrever o meu haikai.
Mallarmé tinha o sonho de escrever um livro com uma palavra só. Achei-o louco. Depois compreendi. Para escrever um livro assim, de uma palavra só, seria preciso ter-se tornado sábio, infinitamente sábio. Tão sábio que soubesse qual é a última palavra, aquela que permanece solitária depois que todas as outras se calaram. Mas isso é coisa que só a Morte ensina. Mallarmé certamente era seu discípulo.
O último haikai é isto: o esforço supremo para dizer a beleza simples da vida que se vai. Tenho terror de ser enganado. Se estiver para morrer, que me digam. Se me disserem que ainda me restam dez anos, continuarei a ser tolo, mosca agitada na teia das me-díocres, mesquinhas rotinas do cotidiano. Mas se só me restam seis meses, então tudo se torna repentinamente puro e luminoso. Os não essenciais se despregam do corpo, como escamas inúteis.
A Morte me informa sobre o que realmente importa. Me daria ao luxo de escolher as pessoas com quem conversar. E poderia ficar em silêncio, se o desejasse. Perante a morte tudo é desculpável... Creio que não mais leria prosa. Com algumas exceções: Nietzsche, Camus, Guimarães Rosa. Todos eles foram aprendizes da mesma mestra. E certo que não perderia um segundo com filosofia. E me dedicaria à poesia com uma volúpia que até hoje não me permiti. Porque a poesia pertence ao clima de verdade e encanto que a Morte instaura. E ouviria mais Bach e Beethoven. Além de usar meu tempo no prazer de cuidar do meu jardim...
Curioso que a Morte nada tenha a dizer sobre si mesma. Quem sabe sobre a Morte são os vivos. A Morte, ao contrário, só fala sobre a Vida, e depois do seu olhar tudo fica com aquele ar de "ausência que se demora, uma despedida pronta a cumprir-se" (Cecília Meireles). E ela nos faz sempre a mesma pergunta: "Afinal, que é que você está esperando?" Como dizia o bruxo D. Juan ao seu aprendiz:
"A morte é a única conselheira sábia que temos. Sempre que você sentir que tudo vai de mal a pior e que você está a ponto de ser aniquilado, volte-se para a sua Morte e pergunte-lhe se isso é verdade.
Sua Morte lhe dirá que você está errado. Nada realmente importa fora do seu toque... Sua Morte o encarará e lhe dirá: 'Ainda não o toquei...'"
E o feiticeiro concluiu: "Um de nós tem de mudar, e rápido. Um de nós tem de aprender que a Morte é caçadora, e está sempre à nossa esquerda. Um de nós tem de aceitar o conselho da Morte e abandonar a maldita mesquinharia que acompanha os homens que vivem suas vidas como se a Morte não os fosse tocar nunca".
Às vezes ela chega perto demais, o susto é infinito, e até deixa no corpo marcas de sua passagem. Mas se tivermos coragem para a olharmos de frente é certo que ficaremos sábios e a vida ganhará simplicidade e a beleza de um haikai.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"

Agora esperamos que as ações que foram feitas para garantir uma copa padrão FIFA, nas cidades sedes, continuem como AGENDA DE CONVERGENCIA PARA PROTEÇÃO INTEGRAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Com o PLANTÃO INTEGRADO, pois as violações continuarão (gostaria que fossemos campeões na Erradicação do Trabalho Infântil, na Erradicação das Violências que nossas crianças e adolescente são submetidas).

Que façamos valer o que dispõe o Estatuto da Criança e Adolescente na sua integra, haja vista que neste próximo Domingo 13 de Julho este completará 24 anos, e percebemos que quando o Governo quer ele faz pois em um 1 mês, em 1 mês conseguimos, aqui, em Fortaleza vagas em unidades de acolhimentos, melhorias em alguns Conselhos Tutelares, fazer com que o SGD funcionasse acontento e articulado.

"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"

terça-feira, 24 de junho de 2014

Nova Sede do PLANTÃO CONSELHO TUTELAR DE FORTALEZA


Venho informar o novo local do plantão do Conselho Tutelar a partir do dia 30 de junho de 2014, terá o novo endereço; Rua João Tomé, 261 – Monte Castelo, Espaço Adolescente Cidadão (CT MDias Branco), fone: 3105.3442 / 8970.5479 – 3281.2086.
Os conselheiros enfatizaram a necessidade da colocação do último telefone para o plantão do conselho.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Aumento da violência homofóbica e transfóbica preocupa Comissão de Direitos Humanos

Aumento da violência homofóbica e transfóbica preocupa Comissão de Direitos Humanos


Adital
O aumento de níveis de violência contra pessoas LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais) e organizações pelos direitos de gênero no continente americano tem preocupado a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Somente entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, pelo menos 58 mulheres trans, 58 homens gays, duas lésbicas e um homem bisexual foram assassinados nas Américas. A CIDH cobra que os estados adotem medidas urgentes e efetivas no enfrentamento dos ataques.
No último mês de novembro, por exemplo, a Kouraj, organização jamaicana LGBTI, localizada em Porto Príncipe, capital do Haiti, foi ferozmente saqueada e seus membros atacados físicamente, ameaçados e hostilizados. Os agressores proferiram ainda insultos de caráter homofóbico, além de roubarem computadores e outros materiais de trabalho da entidade.
Já em Tegucigalpa, capital de Honduras, defensoras e defensores dos direitos LGBTI e de pessoas portadoras do vírus HIV tiveram de fechar as portas de seu escritório por serem continuamente objeto de ameaças e ataques. Por meses, integrantes da organização haviam sido vítimas de agressões físicas, perseguições nas ruas, ataques de agentes da policía, além de, em julho do ano pasado, a filha de uma das líderes ter sido sequestrada. Há registros também de uma organização trans nicaraguense, localizada em Manágua, capital do país, atacada por um grupo que invadiu seu escritório com agressões físicas e roubos, dentre outros casos.
Segundo um comunicado da CIDH, os ataques a mulheres trans se dividem entre Argentina (2), Belize (1), Brasil (39), Chile (1), Colômbia (2), Honduras (1), Jamaica (1), México (3), Peru (2), Estados Unidos (2), Uruguai (1) e Venezuela (3). Já em relação aos assassinatos de homens gays, os crimes ocorreram no Brasil (5), Chile (3), Cuba (1), Honduras (1), México (2) e Peru (1). No caso dos assassinatos de duas lésbicas e um homem bisexual, as violações foram registradas no Brasil, país que lidera a classificação, em números absolutos.
A Comissão também manifesta sua preocupação quanto aos obstáculos que encontra quem promove e defende os direitos das pessoas LGBTI. Em Monterrey, no Nordeste do México, a uma organização estudantil LGBTI foi negada permissão para operar no campus de uma universidade privada com a finalidade de conscientizar sobre homofobia. Em Lima, capital do Peru, uma integrante do Conselho Metropolitano da Cidade, que insistia em incluir uma referência explícita às pessoas LBGTI na Lei Anti-Discriminação, foi atacada verbalmente por outro integrante.
CIDH cobra ações dos estados

Diante do contexto, a CIDH ressalta que os estados têm obrigação de investigar os atos de violência e punir seus responsáveis. "A não efetividade da resposta estatal fomenta altos índices de impunidade, os quais, por sua vez, propiciam sua repetição crônica, ficando as vítimas e seus familiares indefesos”, ressalta.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é uma organização autônoma da Organização de Estados Americanos (OEA) e tem a finalidade de promover a observação dos direitos humanos na religião. Recentemente, a entidade iniciou um trabalho de relatoria dedicado aos direitos LGBTI.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Mula sem cabeça

Política

"Mensalão"

Mula sem cabeça

O ministro Barroso apresenta as razões da absolvição dos acusados por formação de quadrilha
por Redação — publicado 27/02/2014 12:09
Nelson Jr / SCO / STF
Barroso
Implacável inquisidor do inquisidor Barbosa

A figura dominante de 26 de fevereiro de 2014 chama-se Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Por obra de seus pronunciamentos na sessão convocada para debater a incorrência em crime de formação de quadrilha pelos réus, o processo do chamado “mensalão” metamorfoseia-se em mula sem cabeça. A argumentação de Barroso foi decisiva para a percepção de que a absolvição resultará da votação final, adiada pelo presidente da Corte, Joaquim Barbosa. É ele, Barbosa, o grande derrotado da sessão, na sua obsessão por penas exorbitantes, segundo Barroso.
A questão decisiva está na seguinte passagem do pronunciamento do ministro: “Considero, com todas as vênias de quem pense diferentemente, que houve uma exacerbação inconsistente das penas aplicadas pelo crime de quadrilha ou bando, com a adoção de critério inteiramente discrepante do princípio da razoabilidade/proporcionalidade”. E mais: “A causa da discrepância foi o impulso de superar, e até de se modificar, o regime inicial de cumprimento das penas”. Conclusão: “As penas fixadas correspondem a uma ou mais condenações por homicídio”.
Com o voto de Barroso pela aceitação do embargo infringente e consequente absolvição dos réus por formação de quadrilha, já somavam cinco, entre 11, os ministros contrários à tese do relator Joaquim Barbosa, que partiu para o ataque ao colega. “Sua decisão é política, não técnica”, trovejou, irritado.
Claras, pelo contrário, são as intenções políticas de Barbosa, como já está largamente provado. Para condenar os envolvidos no “mensalão”, o atual presidente do Supremo construiu a ideia de que um grupo se formara com o objetivo de praticar corrupção. Se a maioria decidir que não houve quadrilha, como ficam as condenações? Com a absolvição por crime de formação de quadrilha, precipita-se uma reviravolta no processo em todos os seus aspectos. Donde, a mula perdeu subitamente a cabeça, para desconforto da mídia e do próprio Joaquim Barbosa.

Copa no Brasil deixará ônus, e não legado, diz relatora da ONU


Copa no Brasil deixará ônus, e não legado, diz relatora da ONU

Para a urbanista Raquel Rolnik, o legado urbanístico que a Copa do Mundo vai deixar para o País não será significativo

Relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU para o Direito à Moradia Adequada acredita que Copa não deixará legado significativo Foto: Marc Ferré/UN Photo  / Divulgação
Relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU para o Direito à Moradia Adequada acredita que Copa não deixará legado significativo
Foto: Marc Ferré/UN Photo / Divulgação
  Paula Bianchi
  • Direto do Rio de Janeiro
Tidos pelo poder público como uma vitrine para o País e uma oportunidade de investimentos, os grandes eventos que serão realizados no Brasil acabaram servindo de estopim para uma série de reivindicações, que eclodiram nas agora conhecidas como jornadas de junho. Essas reivindicações seguem se desdobrando, causando dor de cabeça aos governantes e perplexidade aos estudiosos. No centro da questão, por sediar a final da Copa do Mundo e as Olimpíadas e fazer parte do imaginário estrangeiro do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro e os seus 6 milhões de habitantes servem de laboratório, e se veem entre as promessas de uma cidade melhor e a realidade caótica de má qualidade dos serviços públicos e obras aquém do anunciado.

Para a urbanista Raquel Rolnik, professora da Universidade de São Paulo e relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Moradia Adequada, que acompanha de perto o processo desde 2009, a principal discussão que se coloca é o direito à cidade e a necessidade de se investir em uma cidade realmente para todos. "Não é comprar casa, comprar moto. Tem uma dimensão publica essencial que é a urbanidade e que precisa ser resolvida", afirma.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
O legado urbanístico que a Copa do Mundo vai deixar não é significativo
Raquel Rolkik Relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU para o Direito à Moradia Adequada

Terra: A cinco meses da Copa, que tipo de legado o evento deixa para a cidade do Rio de Janeiro?
Raquel Rolnik:
O legado urbanístico que a Copa do Mundo vai deixar não é significativo. Alguns projetos viários e de infraestrutura relacionados com os deslocamentos necessários para o evento, como BRTs, novas vias de ligação com os estádios e entre aeroportos e zonas hoteleiras e estádios, estão sendo feitos, mas essas não eram as prioridades de mobilidade. Não há outros legados do ponto de vista urbanístico que possam ser mencionados. Ações esperadas, como a despoluição da Baía de Guanabara e a melhoria das condições de saneamento gerais da cidade, não foram realizadas. Por outro lado, para a implantação desses projetos de infraestrutura foi necessário remover comunidades e assentamentos que se encontravam naqueles locais há décadas sem que uma alternativa adequada de moradia tenha sido oferecida. Para as pessoas diretamente atingidas, ao invés de um legado, a Copa deixa um ônus.

Terra: Essas remoções foram feitas de forma irregular?
Raquel:
Os procedimentos adotados durantes as remoções não correspondem ao marco internacional dos direitos humanos, que inclui o direito a moradia adequada, nem respeitam a forma como elas devem ocorrer. O direito a informação, a transparência e a participação direta dos atingidos na definição das alternativas e de intervenção sobre as suas comunidades não foi obedecido. As pessoas receberam compensações insuficientes para garantir seu direito à moradia adequada em outro local e, em grande parte dos casos, não houve reassentamento onde as condições pudessem ser iguais ou melhores daquelas em que se encontravam. Nos casos em que aconteceu algum tipo de reassentamento para o Minha Casa Minha Vida, esse se deu em áreas muito distantes dos locais originais de moradia, prejudicando os moradores no acesso aos locais de trabalho, meio de sobrevivência e a rede socioeconômica que sustenta na cidade.

Famílias da Vila do Metrô, ao lado da comunidade da Mangueira, tiveram casas derrubadas a fim de reordenar o espaço e criar um polo automotivo no local Foto: Daniel Ramalho / Terra
Famílias da Vila do Metrô, ao lado da comunidade da Mangueira, tiveram casas derrubadas a fim de reordenar o espaço e criar um polo automotivo no local
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Terra: Isso tem alguma relação com a Copa ser realizada em um país em desenvolvimento. Em outras nações que receberam o campeonato esse processo se deu de uma forma diferente?
Raquel:
Aquilo que se incide de uma forma diferenciada sobre o Brasil e que podemos estender para outros casos, como a Índia na organização dos Commonwealth Games, e também da África do Sul na Copa do Mundo, é a existência de assentamentos informais de baixa renda consolidados. Essas comunidades são as mais vulneráveis as violações aos direitos de moradia, o que não quer dizer que em outros países isso tenha sido respeitado.

Terra: Desde junho, milhares de pessoas saíram às ruas em protesto tanto contra a qualidade e o preço do transporte quanto contra os gastos com os megaeventos. O grito "não vai ter Copa" se tornou uma bandeira comum a diversos grupos. O que essas manifestações expressam e o que podemos esperar para 2014?
Raquel:
Me parece que a sociedade brasileira tem demonstrado o seu descontentamento em relação ao modelo de crescimento econômico e de inclusão social que estamos vivendo. Esse modelo, baseado na ampliação do acesso ao consumo, não enfrentou e não resolveu a questão da cidade para todos. Ou seja, não se criou um modelo de desenvolvimento urbano que rompa com a ideia de uma cidade excludente, para poucos. As manifestações tem um conteúdo bastante claro de reivindicação de direitos, especialmente do direito à cidade, expresso através do direito ao espaço publico e ao serviço publico de qualidade, entre outras questões.

Terra: Você comentou que as obras de transporte que estão sendo realizadas não seriam as mais necessárias. O que seria uma prioridade para o Rio?
Raquel:
Toda a relação com a população da Baixada Fluminense é absolutamente prioritária, assim como o eixo Niterói-São Gonçalo, que são os locais que enfrentam os maiores gargalos de mobilidade e que beneficiariam o maior número de habitantes.


Terra: O Rio sofre com o crescimento da especulação imobiliária, que se reflete nos preço dos imóveis e na alta do custo de vida. Qual o efeito disso a longo prazo na cidade?
Raquel:
Talvez o Rio seja o local onde isto esteja acontecendo com maior intensidade, mas a especulação também afeta outras cidades. O efeito é a expulsão dos setores de menor renda das áreas mais urbanizadas, com acesso a serviços, oportunidades etc. Há um descolamento em direção a periferias desqualificadas, sem urbanidade, com impactos enormes sobre a mobilidade e as condições de vida da população. Além de gerar, e isso já está claro em São Paulo e no Rio, um aumento na quantidade de pessoas morando na rua e sem teto. Não há um censo, mas nós já observamos que há um número cada vez maior de pessoas que não tem condições de morar em local algum. Esses números são alarmantes. É a população que hoje está ou vivendo nas ruas ou nas ruas promovendo ocupações e protestos.

Terra: Quais os principais desafios do Rio?
Raquel:
O Rio, assim como outras metrópoles do Brasil, é uma cidade partida. O maior desafio é a inclusão territorial, fazer uma cidade que seja realmente para todos. Não é comprar casa, comprar moto. Tem uma dimensão pública essencial que é a urbanidade e que precisa ser resolvida. Tenho acompanhado o tema dos megaeventos desde que apresentei um relatório temático ao conselho de direitos humanos da ONU em 2009 fazendo uma espécie de overview da questão no mundo com foco na moradia. A partir daí o conselho votou uma resolução definindo claramente que a preparação dos megaeventos deveria levar em consideração e respeitar o direito a moradia para todos. Acredito que os procedimentos ao longo desses anos, devido a própria organização das populações atingidas, aos comitês em torno da Copa, à sensibilidade dos meios de comunicação para reportar esse tema, estão melhorando. Nos primeiros casos que vi no Rio de Janeiro, o trator já ia derrubando as casas com as coisas das pessoas dentro. Houve aumento no valor dos benefícios, acabou de sair uma portaria do governo federal em relação a essa questão, mas isso ainda é insuficiente em relação aos desafios que temos nesse campo.


Terra

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

As perigosas iscas do autoritarismo

As perigosas iscas do autoritarismo


Igor Moreira, membro do Movimento dos Conselhos Populares-MCP e da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares – RENAP
 Quando milhões de pessoas foram às ruas em 2013, a primeira reação dos autoritários encrustados em mídias, governos, tribunais e aparelhos de segurança foi reprimir brutalmente as manifestações civis, não dar ouvidos ou visibilidade às demandas sociais e políticas que elas traziam, não condenar os abusos e violências contra cidadãs/os.

Diante da hegemonia momentânea de movimentos sociais que atordoaram a grande mídia e acuaram governos, vendo o povo apoiar os manifestantes apesar de toda campanha contrária, o autoritarismo jogou sua primeira isca: plantar o ódio através da violência policial e da manipulação. É óbvio que cansados de apanhar e ser caluniados, alguns manifestantes reagiriam. A mídia televisiva apostou então na narrativa da violência – horas de manifestações mal aparecem, não se ouve as palavras de ordem, mal se vê as faixas, a interação com os transeuntes, nada disso. Mas há espaço farto para os confrontos desencadeados pelas dispersões violentas empreendidas pelas polícias.
Com certeza se gastou mais com gás lacrimogênio do que com muitas políticas sociais. E em meio à fumaça a mídia “cria” os black blocs – até então irrelevantes em número e influência. Muitos jovens indignados morderam a isca, vestiram-se de preto e entraram no jogo de falar pela violência, já que as palavras são ignoradas. Finalmente a globo conseguiu influenciar os rumos do processo e sua base foi justamente os “black blocs”. Mesmo quando quem reagia à violência policial não tinha nada a ver com as ideologias que adotam tal tática, todos foram assim rotulados, inclusive os policiais infiltrados flagrados a jogar coquetéis molotovs.

Com a narrativa da violência, buscou-se afastar as pessoas pelo medo. Mas mesmo sem ir às manifestações, a maioria continua a apoiá-las – é óbvio, nada mudou, por que mudariam de opinião? Então, a nova isca: aumentar a intensidade de ódio. Repressão e calúnias diárias até conseguir o seu objetivo maior, concretizado na morte de um cinegrafista. Agora a isca é para os políticos em ano de eleição: ganhar visibilidade midiática com leis duras para fazer o que as políticas públicas não fizeram – acalmar a população. Para que uma lei penal a tratar manifestações. Por que uma conduta já tipificada no código penal receberá uma pena mais dura quando praticada numa manifestação do que no carnaval, num jogo de futebol, ou no dia a dia? O que é “desordem pública” e por que as pessoas que se juntam para protestar serão tratadas com mais rigor do que formação de quadrilha?

A criminalização (um manifestante poderá pegar pena maior que um homicida) tem como objetivo principal o niilismo. Fora das ruas, frustradas, as pessoas simplesmente desistem de querer mudar o país. Os insistentes serão encarcerados. E não serão os tais vândalos, pois a polícia prende sem critério, aleatoriamente, forja provas, como vimos largamente em 2013. Isso alguns esquecem: a maioria das prisões são injustas, são brasileiros presos por uma máquina repressiva voraz que trata todos os manifestantes como inimigos, independente do seu comportamento. Vem então o segundo efeito do niilismo: a violência política. Se pequenos grupos morderem a isca, responderão à criminalização através da linguagem da violência, já não mais nas manifestações que estarão esvaziadas pelo medo. E é isso que os autoritários querem – uma nova guerra desigual contra vanguardas que, encurraladas, partem para o enfrentamento martirizante, “justificando” leis draconianas e mais militarismo.

Assim é mais fácil governar: ao invés de democratizar as cidades e as instituições, encarcera-se aqueles que protestam. Aí está o verdadeiro foco da escalada autoritária – moradores de bairros que se revoltam contra violência policial ou descaso do poder público, populações e movimentos que lutam por transporte público e de qualidade, movimentos e comunidades que lutam por terra e moradia, sindicalistas, ambientalistas e outros ativistas que promovem lutas por direitos. E pessoas e famílias de todas as classes e setores sofrerão, pois o autoritarismo traz essencialmente isso: sofrimento!

A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Nesse cenário é obrigação dos movimentos sociais de luta assumir a linha de frente da história. Alguns lutadores vacilam diante de ilações do tipo: manifestações na copa, ou no ano desta e das eleições, beneficiam a direita. Ora, a direita está nos governos despejando, devastando, aprovando leis anti-populares, prendendo e espancando quem luta.
O fato de milhões de brasileiros não caírem no engodo da copa foi uma grande vitória dos movimentos que lutam pelo direito a cidade. O pacote do capital atrelado ao megaevento é de negação do direito a cidade, é segregador, autoritário e violento. Compreender isso e derrotar politicamente a copa da Fifa (ela ocorrendo ou não) é uma enorme vitória subjetiva do poder popular, perante a enorme derrota material para as populações das cidades, e pode colocar as disputas sociais urbanas em outro patamar. Isso é disputar hegemonia.
Ao mesmo tempo, tentamos minorar ou reverter os prejuízos aos atingidos diretos (os removidos, p.ex.) e indiretos (as populações em geral).
O que está em jogo é o modelo de cidade: a do capital onde ela está a serviço do lucro; ou a cidade democrática com qualidade de vida pra quem nela vive. Também o modelo político: o das decisões concentradas a serviço das elites, autoritário e repressor; ou uma democracia viva, onde as populações têm poder de decisão sobre os rumos da cidade e do país, onde as lutas por direitos não sejam criminalizadas e a política militarizada.

Em 2013 os movimentos sociais tiveram papel central para desencadear as manifestações e para garantir a auto-harmonia destas. Mesmo diante da brutalidade da polícia e da revolta que ela gera, garantiu-se um nível elevado de pacificação muito acima da média brasileira, graças à postura ativa de milhares de militantes sociais que sabiam bem o que estavam fazendo. E o mais importante: os movimentos garantiram na rua o encontro de uma sociedade segregada, como raras vezes na se vê no Brasil.

Daí a responsabilidade dos movimentos sociais se articularem desde agora para elevar o ânimo e qualidade das manifestações que ocorrerão, com razões de sobra, durante a copa. Para que fique claro que o povo está nas ruas lutando pela democratização das cidades e da sociedade, para que megaprojetos não atinjam mais populações, que se pare de vez o massacre dos pobres nas periferias, para que a resposta dos governos seja com medidas democratizantes e inclusivas, e não com mais repressão e violência.

Fonte: ANOTE