CATÓLICOS JUAZEIRENSES FAZEM ATO DE SOLIDARIEDADE A DOM FERNANDO
Nesta 4ª feira,
dia 25, na hora da Graça, no Santuário de São Francisco, em Juazeiro do
Norte, os membros da Pastoral Diocesana de Romarias, e uma multidão que
assistia à Hora da Graça, ouviram a leitura da nota abaixo, que também
foi enviada a todos os bispos do Brasil, à CNBB e ao Vaticano:
"Dom Fernando, nosso querido Bispo da Diocese de Crato,
Tudo posso naquele que me fortalece (Fl 4,13)
Nós da Pastoral Diocesana de Romarias, reunidos no último dia 20 de
setembro, na Casa Paroquial da
Basílica de Nossa Senhora das Dores, aprovamos a elaboração da presente
Carta de Solidariedade, como forma de expressar ao senhor nosso
irrestrito e incondicional apoio.
Queremos nos fazer presentes diante e ao pé da sua cruz com duas atitudes: solidariedade e reconhecimento.
É consenso entre
nós que estamos incondicionalmente ao seu lado testemunhando nossa
confiança em seu pastoreio, na direção legítima que pretendeu imprimir a
esta Igreja Particular da Diocese do Crato – igreja romeira e
missionária – desde quando aqui chegou; é também consenso entre nós que a
sua dor dói em todos nós porque é a dor de uma Igreja ferida, é a dor
da nossa Mãe, é a dor do nosso Pastor e que nos faz sair das nossas
dores pessoais para sentire cum ecclesia e assumirmos, também
nós, o desafio de, de mãos dadas, continuar a anunciar o Ressuscitado no
coração de Quem está todo amor e toda justiça. Por Ele, por Ela e com o
senhor, Dom Fernando, somos solidários e temos confiança que o
julgamento da História, mais uma vez coincidirá com a Justiça de Deus.
Queremos também, neste momento difícil, relembrar a grande alegria que
há doze anos preenche o coração de cada um de nós, romeiros e romeiras
do Padre Cícero, por nos vermos reconhecidos em nossa fé romeira pelo
Pastor da Igreja Católica. Queremos agradecer-lhe toda coragem, todo
empenho, todo desprendimento com que se entrega à árdua tarefa de
conduzir esta Igreja particular ao acolhimento da devoção ao Padre
Cícero e das romarias. Reconhecemos no senhor, Dom Fernando, aquele que
possibilitou um novo olhar a esta realidade de fé transformando-o em um
olhar mais do que compreensivo, num olhar que nos faz sempre e cada vez
mais convertidos pela fé romeira.
Nós nos lembramos
que, quando o senhor chegou e se encantou com as romarias, visitou,
conversou, escutou cada um e cada uma daquelas que, de alguma forma
estavam ligadas a essa realidade tão especial do Juazeiro. Membros do
clero, religiosas, leigos e leigas do Crato ou de Juazeiro, de Barbalha e
de todo o Cariri. Todos, sem exceção e sem partidarismo, foram ouvidos.
Afinal, o senhor tinha a grande tarefa, recomendada pela Santa Sé, de
abrir os arquivos da Cúria do Crato para fazer novos estudos sobre a
“Questão religiosa de Juazeiro”.
Foi assim que
decidiu constituir uma Comissão de Estudos e junto com o Setor Cultura
da CNBB convidou pesquisadores de Universidades todo Brasil para
ajudá-lo, com subsídios, com estudos mais aprofundados graças aos novos
documentos (des)arquivados da Cúria e que lançaram novas luzes sobre o
assunto, a saber se era legitimo ou não
pedir à Santa Sé a reabilitação histórico-eclesial do Pe. Cícero, pois,
como Bispo do Crato, tinha uma única e grande preocupação pastoral:
fazer justiça aos romeiros. Foram anos de trabalhos até que a Comissão
chegasse à decisão irrevogável de aconselhá-lo a fazer e entregar a
petição ao Papa, o que se deu em 2006, com a anuência de 254 Bispos do
Brasil, transformando assim – em 5 anos – um culto que era desprezado no
restante do Brasil, em uma luta conjunta do Episcopado brasileiro para a
reabilitação do Pe. Cícero.
Nesse tempo, quanto
carinho, quanta dedicação, quantos “viva o Pe. Cícero”, que nunca
tínhamos ouvido da boca de um Bispo da Diocese de Crato, quantas horas
no confessionário atendendo os romeiros, quantas lindas celebrações,
repletas de reconhecimento à fé romeira como protagonista da história de
Juazeiro, o senhor celebrou e celebra e que nos enche o coração
de alegria. Pela primeira vez na História, a Igreja Católica oficial e
publicamente reconhece Pe. Cícero e seus devotos romeiros e romeiras
como portadores de fé legítima e não mais como fanáticos e heréticos.
Ao lado disso, guiado
pela sua grande preocupação pastoral com todos e todas que fazem com que
a romaria aconteça, seja os de fora, seja os de dentro, criou a
Pastoral Diocesana de Romarias a fim de garantir a centralidade da
pastoral na nação romeira, reconhecendo a validade e a importância do
que já vinha sendo feito há mais de 40 anos de forma quase solitária
pelo nosso inesquecível Mons. Murilo de Sá Barreto, as religiosas Irmãs
de Nossa Senhora e os/as leigos/as que dedicaram a vida à causa do Pe.
Cícero, da Mãe das Dores e seus romeiros.
E ainda – e a História
registra – a sua decisão, que é um divisor de águas na vida pastoral da
Diocese e da Igreja no Brasil, de devolver a verdadeira história de
Juazeiro a seu povo, sem mais tergiversar, sem mentiras, sem falsas
interpretações, sem distorções ideológicas da realidade, fazendo
publicar os documentos arquivados na Cúria que ficaram assim por mais de
100 anos e escondiam a verdade.
Muito mais o
senhor fez pela pastoral em Juazeiro e seria longo detalhar aqui, mas
tudo o que o senhor fez talvez possa ser resumido numa única frase: O
Bispo do Crato, Dom Fernando Panico, DEVOLVEU A DIGNIDADE à
religiosidade dos romeiros e romeiras e à de todo povo de Juazeiro do
Norte, terra da Mãe de Deus, e a dos nordestinos, devotos ou não do Pe.
Cícero. Nada supera isso e por isso também, nossa eterna gratidão.
Quem sabe, Dom
Fernando, o Pe. Cícero que também sofreu, como está acontecendo com o
senhor, tantas incompreensões e injustiças, possa
consolá-lo, retribuindo o muito que o senhor fez por ele e por seus
“amiguinhos”, com seus conselhos.
Dizia nosso Padrinho Padre Cícero:
-- Deus é dono de todas as coisas e dirige o homem por caminhos que Ele sabe.
-- Deus nunca deixou trabalho sem recompensa, nem lágrimas sem consolação.
-- Sou padecente e resignado com toda ingratidão.
-- Propagaram contra mim tanta calúnia e inverdades que nem sequer pensei que fossem capazes de produzir tantas.
-- Estamos certos de que só a Providência Divina nos dará remédio.
Padre Cícero, com a Mãe das Dores, saberão confortá-lo e dar-lhe forças para, junto
conosco, esta parcela do povo de Deus que lhe é fiel, continuar a nos conduzir para a centralidade de Jesus Cristo.
“Fica conosco, Senhor!” (Lc 24,29) “Senhor, para quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)
Juazeiro do Norte, 23 de Setembro de 2013.
Pastoral Diocesana de Romarias
Ir. Annette Dumoulin (Coordenadora)
Pe. Joaquim Cláudio de Freitas
Pe. Aureliano de Sousa Gondim
Pe. José Pereira Lima Filho
Maria do Carmo Forti
Erivânia da Silva Cruz
José Carlos dos Santos
Frei Raimundo
Barbosa Filho
Océlio Teixeira de Souza
Maria Adeleni Milfont
Pe. Francisco Edvaldo Marques
Diácono Lula Araújo