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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Enigmas

"e, repentinamente nos damos conta de que os enigmas da Via Láctea são pequenos demais comparados com aqueles das pessoas que vemos todo dia. Só que nossos olhares ficaram baços e não percebemos o maravilhoso ao nosso lado. Se fossemos tomados pelo fascínio, então pararíamos para ver e veríamos coisas de que nunca havíamos suspeitado."
Rubem Alves

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

As sem-razões do amor

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade

A armadilha do PET

A armadilha do PET

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Novo aplicativo é aliado na proteção de crianças e adolescentes

Novo aplicativo é aliado na proteção de crianças e adolescentes

proteja
O aplicativo Proteja Brasil, desenvolvido numa parceria entre o UNICEF, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Bahia), é o novo aliado no combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. Disponível para tablets e smartphones, o Proteja Brasil apresenta de forma simples informações sobre os tipos de violência e indica ao usuário
telefones e endereços de delegacias e conselhos tutelares de onde ele está. Em outras cidades é indicado o Disque 100. Já para os brasileiros no exterior, o aplicativo apresenta os números de telefones e endereços das Embaixadas e Consulados do Brasil no Exterior.
 “As políticas públicas intersetoriais para prevenção e combate à violência são, sem dúvida, fundamentais. Mas se os cidadãos não denunciarem situações que caracterizam violações de direitos, nunca daremos um basta a essas práticas inaceitáveis”, afirma a coordenadora da área de Proteção do UNICEF no Brasil, Casimira Benge. “Mudar essa situação está nas mãos de cada um de nós.”
O aplicativo já está disponível na Apple Store e no Google Play. Basta procurar pelo nome ‘Proteja Brasil’ para fazer o download. Confira como o Proteja Brasil funciona no vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ckp2u2UnyNQ.

Estupro na TV (Por Márcia Acioli*)

Estupro na TV (Por Márcia Acioli*)

image001 Um fato impensável invade lares de milhares de cearenses pela TV. Desavisadas, as pessoas em plena luz do dia assistem ao estupro de uma menina de 9 anos no dia 7 de janeiro de 2014 pela TV Cidade, de Fortaleza, afiliada da Rede Record. Como se não bastassem os dezessete minutos de exibição do estupro incluindo imagens do rosto da criança, a emissora ainda mostra a casa da vítima, violando o Estatuto da Criança e do Adolescente que preconiza no seu artigo 17 “O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.
O grau extremo de violência e de dor daquelas imagens é consenso. Não há quem conteste a ocorrência de injustificado ato de desprezo
pela vida humana. No entanto, a violência não se restringe ao estupro. A exibição tem um efeito mortal sobre uma menina que certamente não quer reviver a cena, que não quer que outras pessoas a vejam naquela situação. Ela foi violada em sua intimidade, exposta no seu sofrimento máximo; naquele que, possivelmente será um dos maiores e mais marcantes de sua vida. Além de
banalizar o estupro, a veiculação do ato na televisão viola o direito inalienável à privacidade. Portanto, a menina é violada inúmeras vezes. Uma pelo agressor direto, outras pelo agressor camuflado. Os efeitos da conjunção violência / exibição são devastadores. A publicação dessas imagens em nada difere das pornográficas. Ambas são exploração da imagem da criança na relação de exploração cruel de sua sexualidade.
Por outro lado uma audiência que, acostumada às cenas de terror e apresentadores histéricos incitando ao ódio, assiste com crescente
desejo por vingança. A bola de neve da violência cresce descontroladamente. Linchamento público acaba sendo a única perspectiva para se conter a violência sexual.
A exibição do vídeo tem o único propósito de fazer da violência um espetáculo para uma audiência educada para o sangue. Não é preciso ver um estupro para saber que ele é violento. Este tipo de imagem importa somente a um grupo restrito de profissionais que tem como responsabilidade o trato direto ou indireto com a questão.
Para prestar um importante serviço à sociedade as TVs deveriam discutir profundamente a violência sexual, considerando a complexidade desta modalidade de violência contra crianças e adolescentes. É preciso discutir as perspectivas da idade, da identidade de gênero, das motivações de estupro, dos agressores e muito mais.
Por mais monstruosa que seja a violência sexual, o agressor também é humano e é justamente a sua dimensão humana que a praticou (ou pratica). É essencial que se compreenda, portanto, o nascedouro da motivação. O problema, embora pessoal, é também social e atinge a milhares de crianças pelo país inteiro, de múltiplas formas. Assim, a única justificativa para tratar de estupro na TV seria problematizá-lo para que todos os segmentos da sociedade fossem provocados a mudar, a eliminar, a coibir, a intimidar os valores e
gestos que permitem que tal violência seja praticada.
Considerando que a TV aberta é uma concessão de um serviço público, submetida à decisão do Congresso Nacional regulamentada pelo
Ministério das Comunicações, há responsabilidade do estado perante o fato e o estado deve uma resposta à sociedade brasileira. Multa, fim da concessão, responsabilização dos dirigentes da emissora é o mínimo que se espera. É importante recuperar aqui o debate nacional para um novo marco regulatório da comunicação que visa “garantir a estrita observação dos princípios constitucionais da igualdade; prevalência dos direitos humanos; livre manifestação do pensamento e expressão da atividade intelectual, artística e de
comunicação, sendo proibida a censura prévia, estatal (inclusive judicial) ou privada; inviolabilidade da intimidade, privacidade, honra e imagem das pessoas; e laicidade do Estado”. (Vale acessar o site da campanha para Expressar a Liberdade)
Enquanto isso todo o esforço do mundo dificilmente devolverá à menina a alegria de sua infância.
*Assessora política do Inesc e mestre em educação pela UnB.

Brasil terá campanha contra exploração sexual de crianças e adolescentes na Copa

Brasil terá campanha contra exploração sexual de crianças e adolescentes na Copa

Cartaz 
 Para reduzir o risco de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes por conta do aumento de turistas devido à Copa do Mundo, o Conselho Nacional do SESI e a Frente Nacional de Prefeitos aderiram à campanha internacional Não Desvie o Olhar, coordenada pela rede ECPAT (sigla do inglês End Child Prostitution And Trafficking– Fim da Prostituição e do Tráfico Infantil).
No Brasil, a campanha terá início em fevereiro nas 12 cidades-sede da Copa, junto a prefeituras, governos estaduais e parceiros locais. A ação serve de alerta aos turistas nacionais e estrangeiros sobre o crime e as consequências judiciais que sofrerão no Brasil, e em seus países de origem, caso se envolvam com a exploração sexual de crianças e adolescentes.
A campanha deverá atingir principalmente os locais de circulação dos turistas, como táxis, hotéis, bares, restaurantes, aeroportos, aeronaves, estradas, estádios, pontos de ônibus, agências de viagens, sites e redes sociais.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Pertencer


Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança.
Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho.
Clarice Lispector

Meu Deus, me dê a coragem



Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços o meu pecado de pensar.
Clarice Lispector

Vaticano admite culpa nos casos de pedofilia, mas nega obstrução


Vaticano admite culpa nos casos de pedofilia, mas nega obstrução

ONU abriu inquérito sobre a suspeita de violação, pelo clero, da Declaração dos Direitos da Criança, da qual o Vaticano é signatário. Papa admite ser "uma vergonha"



Na primeira vez em que a Igreja Católica foi confrontada em sessão pública sobre acusações de abuso sexual cometido por sacerdotes contra menores, representantes da Santa Sé disseram que não há desculpas para o crime, mas negaram obstruir investigações policiais. A sessão ocorreu em Genebra, na primeira reunião que o Comitê das Nações Unidas para os Direitos da Criança promoveu para a discussão do assunto.

A participação do Vaticano sinaliza a nova diretriz do papa Francisco, que defendeu ”atuação decisiva” contra escândalos e mudou leis penais da Cúria Romana para tornar crime as ofensas sexuais. A Igreja é acusada, principalmente desde o início dos anos 2000, de encobrir escândalos de abuso. Com isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) abriu inquérito sobre a suspeita de violação, pelo clero, da Declaração Universal dos Direitos da Criança, da qual o Estado da Cidade do Vaticano é signatário. Na sessão, o observador permanente da Santa Sé na ONU em Genebra, o arcebispo Silvano Tomasi, disse que há abusadores em todas as profissões, incluindo o clero, e que esse crime nunca deve ser justificado, seja onde for: “Em casa, nas escolas, no esporte ou nas organizações religiosas”, reiterou.

Tomasi prometeu a ajuda do Vaticano que, segundo ele, se dispõe a receber sugestões de como coibir a prática. Mas, criticou o Comitê das Nações Unidas por ter acusado a Igreja de obstruir a investigação: “Ao contrário, queremos que haja transparência e que a Igreja siga o seu curso”. Em 2013, a Santa Sé se negou a fornecer mais informações à ONU sobre seus procedimentos canônicos para punir padres acusados. O Vaticano declarou fazer isso devido às diferenças entre os direitos laico e canônico, e defende que os casos sejam julgados onde os abusos ocorreram.

Papa envergonhado
Durante missa celebrada ontem no Vaticano, o papa Francisco disse que os escândalos na Igreja Católica são tantos que não podem ser citados individualmente e são a vergonha da instituição, sem mencionar explicitamente as acusações de pedofilia.

“Essas pessoas não têm uma ligação com Deus. Tinham apenas uma posição na Igreja, uma posição de poder”, afirmou ele, referindo-se aos acusados de pedofilia em vários países.

(das agências de notícias)

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

"Repúdio aos programas policiais: nossa dor não é espetáculo


"Repúdio aos programas policiais: nossa dor não é espetáculo"
 
De Sindjorce


Uma caminhada, saindo da Praça Portugal até a TV Cidade, marcou o ato público "Repúdio aos programas policiais: nossa dor não é espetáculo”, realizado na tarde de quinta-feira (15/01). O evento, convocado pelo Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca Ceará), contou com a participação de representantes de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e instituições públicas, entre as mais de 60 entidades que assinaram a nota de repúdio contra a emissora filiada à Rede Record no Estado, por ter veiculado imagens do estupro de uma criança de nove anos de idade no programa Cidade 190 e no portal CNews.

Com faixas, cartazes e palavras de ordem, os participantes pediram a responsabilização da emissora e dos funcionários encarregados pela programação, bem como a ação efetiva do Ministério das Comunicações em relação a todos os programas policiais exibidos no Ceará, como Cidade 190, Rota 22, Barra Pesada, Os Malas e a lei. "Chegou a hora de exigirmos o fim destes programas que exploram a dor humana e nos servem violência no horário do almoço, quando as famílias estão reunidas em suas casa", disse a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), Samira de Castro. Ela lembrou que a TV Cidade é campeã de irregularidades trabalhistas.

Com a irreverência característica do cearense, os participantes do ato público entregaram à TV Cidade - apelidada de TV Atrocidade - o prêmio TV Carniça: a pior emissora do Ceará. "É um troféu simbólico, mas que expressa a indignação de toda a sociedade com a linha editorial dos programas policiais", afirmou Raquel Dantas, integrante do Coletivo Intervozes.

Uma grande mobilização está agendada para fevereiro, na Câmara Municipal de Fortaleza, quando do retorno dos trabalhos do legislativo do município.

Fotos: Evilázio Bezerra

SDH/PR Divulga NOTA de REPÚDIO CONTRA A TV CIDADE POR DIVULGAÇÃO DAS IMAGENS DA CRIANÇA DE 09 ANOS.

Seretaria de Direitos Humanos repudia violência contra criança

Nota

Em nota, pasta critica exposição do vídeo de menina de nove anos após sofrer abuso sexual
por Portal Brasil publicado 13/01/2014 18:03, última modificação 13/01/2014 18:03
 
A Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SNPDCA/SDH/PR) e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) manifestam repúdio contra toda e qualquer violência contra crianças e adolescentes, em especial a sexual.
Também criticaram à superexposição da menina de 9 anos, que após sofrer abuso sexual  - grave violação de seu direito à integridade física, psicológica e moral – teve suas imagens veiculadas nos programas policiais Cidade 190, da TV Cidade, e Rota 22, da TV Diário, ambas do estado do Ceará, nos dias 7 e 8 de janeiro de 2014, respectivamente.
Considerando:
- o disposto no Inciso X do Artigo 5º da Constituição Federal que prevê a proteção à imagem, afirmando como invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas;
- o disposto nos Artigos 17 e 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, que assegura o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais e determina que é dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor;
- o disposto no Artigo 241- A do Estatuto da criança e do adolescente que estabelece como crime “oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explicito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente;
Punição
A Secretaria e o Conanda requerem a responsabilização do autor dos abusos sexuais da criança e a responsabilização imediata das emissoras de TVs acima citadas, bem como dos responsáveis pelos referidos programas.
E colocam-se à disposição do Conselho Tutelar do Município de Pacatuba (CE) nos encaminhamentos necessários para o apoio psicossocial da criança e familiares, cujos direitos foram violados; e da rede de atenção a crianças e adolescentes do CE para o fortalecimento dos encaminhamentos legais que se fizerem necessários para proteção integral.
Fonte:
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

Papa afasta D. Odilo e mais 3 cardeais em ato para sanear Banco do Vaticano

Papa afasta d. Odilo e mais 3 cardeais em ato para sanear Banco do Vaticano

Cardeal brasileiro fazia parte do grupo de religiosos encarregado de monitorar atividades de instituição financeira da Santa Sé, alvo de denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro


Papa afasta d. Odilo e mais 3 cardeais em ato para sanear Banco do Vaticano
"Mandato de d. Odilo foi renovado pelo papa Bento XVI"
(Atualizada às 23h45) GNEBRA - Num ato que marca o início de uma profunda reforma no Banco do Vaticano, o papa Francisco removeu na quarta-feira, 16, da cúpula da instituição financeira quatro cardeais, entre eles o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer. O pontífice advertiu que, se não conseguir reformar o banco, fechará a instituição, que enfrenta denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro.
Na reforma mais ampla feita pelo papa no Vaticano, um dos pontos centrais será a transformação do Instituto de Obras de Religião - o nome oficial do Banco do Vaticano - em uma entidade que financie de fato apenas essas obras.
D. Odilo fazia parte do grupo de cardeais que atuava para monitorar as atividades do Banco do Vaticano. Considerado um dos fortes candidatos no conclave de 2013, d. Odilo tinha o apoio dos setores mais conservadores do Vaticano e representava certa continuidade em relação ao pontificado de Bento XVI. Durante o conclave, a disputa por votos colocou o grupo de apoio ao brasileiro em oposição aos que defendiam um candidato que representasse uma reforma.
Dias antes de deixar o poder, o papa alemão renovou o mandato do brasileiro e dos demais integrantes do órgão de supervisão por cinco anos - ou seja, d. Odilo foi tirado da função antes do previsto. Entre as atribuições do grupo está justamente a nomeação do presidente do banco. Próximo de cumprir um ano no Vaticano e adotando a austeridade como sua bandeira, Francisco colocou no lugar cardeais vistos como aliados.
Quatro dos cinco cardeais no organismo foram substituídos. Saíram os cardeais Tarcisio Bertone, Telesphore Toppo of Ranchi e Domenico Calcagno, além de Scherer. Restou o francês Jean Louis Tauran. No lugar deste grupo, o papa nomeou o cardeal de Toronto, Thomas C. Collins, o italiano Pietro Parolin, Christoph Schonborn, de Viena, considerado como um reformador, e o cardeal espanhol Santos Abril Castello, amigo do papa.
O cardeal Domenico Calcagno, que chefiava outra ala financeira do Vaticano, também foi removido, depois de juízes italianos passarem a suspeitar de irregularidades. O grupo liderado por Bertone foi alvo de crítica nos últimos anos por não conseguir conter uma série de escândalos financeiros no Banco do Vaticano, que enfrenta suspeitas de lavagem de dinheiro do crime organizado.
Em julho, dois outros executivos do banco pediram demissão, três dias depois da prisão do monsenhor Nunzio Scarano, contador acusado nos tribunais em Roma de ter contrabandeado 20 milhões em malas entre a Suíça e a Itália, justamente para contas no Banco do Vaticano. Em junho, o papa criou uma comissão para estudar uma reforma na instituição. Pela primeira vez em mais de 100 anos, a entidade publicou um balanço anual de suas contas.
Reformas. Em menos de um ano, o papa deixou o Palácio Apostólico para viver em um apartamento na Santa Sé, trocou a frota de carros do Vaticano, defendeu a humildade entre os padres e deixou claro que o Banco do Vaticano era uma instituição que estava prejudicando a imagem da Igreja.
Nos últimos meses, a instituição fechou centenas de contas e uma empresa estrangeira foi contratada para ajudar a atender normas financeiras internacionais. As ações do papa Francisco começam a ter um impacto, a julgar pelo número de contas fechadas. Em 2011, eram 21 mil correntistas. Hoje, são cerca de 18,9 mil, com um ativo total de 6,3 bilhões. Várias outras devem fechar até o fim do ano. Isso porque a instituição começou a suspeitar de saques em valores elevados feitos por embaixadas como a do Irã, Iraque e Indonésia.
Cerca de 20 países ainda mantém contas no banco. O governo brasileiro já tomou providências e trocou o Banco do Vaticano pelo Banco do Brasil. Por décadas, a embaixada do Brasil para a Santa Sé manteve conta no Banco do Vaticano. Ela não foi fechada, mas reduzida ao mínimo - com um depósito de 100. O pagamento de funcionários, dos gastos de representação e outros custos de operação passaram a ser gerenciados pela agência do Banco do Brasil em Milão.
Nomeado cardeal em 2007 por Bento XVI, agora papa emérito, d. Odilo continua participando de sete organismos da Cúria, após o afastamento da Comissão de Vigilância do IOR.
Procurado ontem para comentar a decisão do papa e o significado de sua demissão do cargo, d. Odilo não foi localizado em São Paulo. O religioso manteve contato com sua assessoria de imprensa, na segunda-feira, mas logo desligou o telefone celular, alegadamente para aproveitar mais os últimos dias de férias, antes das comemorações da festa de São Paulo, dia 25, aniversário de fundação da cidade.
 / COLABOROU JOSÉ MARIA MAYRINK