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domingo, 17 de junho de 2012

Cedca e Ministério Público são contra toque de recolher

Cedro 17/06/2012

Cedca e Ministério Público são contra toque de recolher

Conselho Estadual da Criança e do Adolescente pretende recorrer da medida adotada pelo juiz de Cedro



Força-tarefa tem visitado os bares do município e recolhido adolescentes por decisão do juiz Welithon Alves de Mesquita
A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ceará (Cedca), Mônica Sillan, diz que vai acionar o Ministério Público contra a portaria do juiz Welithon Alves de Mesquita, que instituiu toque de recolher para crianças e adolescentes em Cedro, na região Centro-Sul.

Na avaliação da presidente do Cedca, o toque de recolher é uma medida arbitrária, que está na “contramão dos processos de cidadania” discutidos para crianças e adolescentes. Para ela, a medida traz o “ranço” do Código de Menores, lei que vigorava antes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Na última quarta-feira (13), o juiz da comarca de Cedro determinou que crianças e adolescentes da cidade estão proibidas de permanecer em local público sem a companhia dos pais ou responsáveis depois das 23h. Quem for encontrado nessa situação será encaminhado à casa dos pais ou responsáveis, que serão chamados a comparecer a audiência no fórum.

“A medida joga para debaixo do tapete o problema. Só tira das vistas da população, sem resolver”, argumenta Mônica. Segundo ela, são necessárias outras medidas de atenção para crianças e adolescentes que tiveram direitos violados.

Dever de cuidar

De acordo com a coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude, Antonia Lima, o Ministério Público no Brasil é contrário ao toque de recolher. Para ela, o dever de cuidar, nesses casos, é da família, não do Estado.

“O juiz não pode atuar interferindo numa responsabilidade que não é dele: dispor sobre ingresso em locais que ele considera inadequados. Por que ele determina apenas para adolescentes? O parâmetro (em relação a adultos) é o mesmo”, compara Antonia.

Em entrevista ao O POVO na última quinta-feira, o juiz Welithon de Mesquita explicou que decidiu baixar a medida, que ele prefere chamar de toque de acolher, para evitar práticas de uso de drogas, especialmente o álcool, problema recorrente em Cedro, segundo ele. “O ideal é que elas transitem. Mas o convívio social deve ser sadio. O direito de ir e vir não é absoluto. Cede para o direito que é o de acolher”, avalia o juiz.

Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA

Juiz de Cedro decidiu baixar portaria depois de duas semanas à frente da comarca. Instrutor de caratê, o magistrado pretende implantar projetos de esporte e lazer para crianças e adolescentes da cidade.

O que diz a lei

Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei Federal 8069/90)

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.


Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
 
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;

Saiba mais

O juiz de Cedro já havia determinado o toque de recolher para crianças e adolescentes quando atuava em Potengi e Araripe, na região do Cariri.

Em maio deste ano, o toque de recolher foi extinto em Fernandópolis (SP), depois de sete anos em vigor, a pedido do Ministério Público. Em 2009, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também decidiu suspender o toque de recolher em Patos de Minas (MG).

Município não tem abrigo para crianças

Município não tem abrigo para criança

Anderleia Alves, conselheira tutelar de Cedro, diz que a cidade estava precisando da medida, pois, segundo ela, o Conselho Tutelar estava agindo sem amparo. “Isso inibe que mais adolescentes entrem na criminalidade. Os delitos, o uso e o abuso de drogas estavam passando do limite. Estávamos perdendo forças”, detalha ela.

A conselheira diz que a medida tem o apoio da população de Cedro, mas as pessoas estão se perguntando se vai durar por muito tempo. “Diante da força tarefa, a gente está acreditando que é para valer”, aponta Anderleia. As diligências para fazer cumprir a medida envolvem conselheiros tutelares, guardas municipais e policiais militares.

A conselheira expõe o quadro de problemas na rede de atenção a crianças e adolescentes em Cedro. Segundo ela, muitas famílias têm pais alcoólatras ou sem moradia. Cerca de um terço da população de Cedro é formada por menores de 19 anos, segundo o Censo 2010.

Não há abrigos para receber crianças e adolescentes. “Não tem família que queira receber. As crianças continuam vivendo nas mesmas famílias, embora elas não ofereçam qualidade de vida e os direitos básicos”, diz.

O prefeito de Cedro, João Viana, cita os avanços na educação, com o pagamento do piso aos professores antes da obrigatoriedade e o índice desejável no Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic). A situação, porém, não é a mesma quando é analisado o desempenho dos alunos do 5º ano. O desempenho é “crítico” em Português e Matemática, segundo avaliação do Governo do Estado (Thiago Mendes).

Unidades socioeducativas?

Editorial 17/06/2012

Unidades socioeducativas?

Para aqueles que cumprem liberdade assistida, tampouco há acompanhamento rigoroso
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No decorrer desta semana, este jornal publicou uma série de matérias, de autoria do repórter Cláudio Ribeiro, abordando a falência das unidades encarregadas de aplicar medidas socioeducativas a adolescentes em conflito com a lei – e os problemas que afetam todo o sistema legal destinado a lidar com a situação.

Um dos graves problemas, que salta aos olhos em Fortaleza, é a superlotação das unidades de privação de liberdade, às quais são recolhidos o que cometem infrações mais graves. São 500 vagas disponíveis, por vezes ocupadas por mais de 900 internos. Em uma das unidades, preparada para receber 60 adolescentes, amontoam-se 200 deles.

Somam-se ao problema da superlotação outros, de gravidade equivalente, como o ambiente violento a que esses jovens são submetidos – há denúncias de maus tratos e tortura cometidos por instrutores e pela segurança interna dos centros educacionais –, e a ociosidade. Há dois meses, pelo que revela a reportagem, os internos estão sem aulas, pois não há professores suficientes.

Como esperar que uma pessoa em formação, submetida a um ambiente desse tipo, possa sair de lá melhor do entrou? Para aqueles que cumprem liberdade assistida, tampouco há acompanhamento rigoroso.

Se ainda há gente que se recuse a repelir uma situação dessas, por achar que os direitos humanos básicos devem ser negados a quem comete um crime, deveria ter em mente, pelo menos, que o prejuízo é coletivo. A forma como essas unidades funcionam a tornam um incentivo à reincidência, o que atinge toda a sociedade.

Para o juiz Manuel
Clístenes, da 5ª Vara da Infância e da Juventude, o índice de reincidência é “alarmante”, o que ele atribui à disseminação das drogas. Segundo o magistrado, em torno de 80% dos atos infracionais cometidos por jovens são casos de tráfico, porte ilegal de arma e roubo, que estão relacionados ao tráfico e ao consumo de drogas. Os homicídios praticados por adolescentes, segundo o juiz, são pouco frequentes.


Na entrevista que deu a este jornal, o magistrado faz um apelo que deveria ser ouvido, não apenas pela Secretaria de Justiça, a quem ele apela, mas por toda a sociedade: se nada for feito com urgência, chegar-se-á, em curto prazo, à “inviabilidade total do sistema” envolvido no trabalho com jovens em conflito com a lei.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Comitê Criança não é de rua faz raio-x da situação da criança no Piauí | Portal da Clube

Comitê Criança não é de rua faz raio-x da situação da criança no Piauí | Portal da Clube

Convite - Debate O sistema socioeducativo e a privação de liberdade de adolescentes no Ceará

O Fórum Permanente das ONGs de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA Ceará) convida para o debate "O sistema socioeducativo e a privação de liberdade de adolescentes no Ceará". O evento acontecerá no dia 13/06/2012, às 14h, no auditório Raquel de Queiroz (Av. da Universidade 2762 – Benfica). O início será às 14h, com uma mesa de abertura composta por Talita Maciel (coordenadora do Cedeca Ceará), Aurilene Vidal (coordenadora da Pastoral do Menor e do Fórum DCA) e João Paulo Coelho (integrante do Núcleo Cearense de Estudos e Pesquisas sobre Criança -NUCEPEC). Em seguida, um representante da Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social (STDS), a Dra Antônia Lima (CAOPIJ MP-CE) e o Juiz Titular da 5 ª Vara da Infância e da Juventude Manuel Clístenes darão prosseguimento ao debate. Encerrando a programação, será realizado o lançamento da publicação "Monitoramento do sistema socioeducativo: diagnóstica da privação de liberdade de adolescentes no Ceará", realizado pelo Fórum DCA Ceará, com apoio do Cedeca Ceará, da Misereor e da ICCO. O evento é aberto ao público.
 Para mais informações: Cedeca Ceará (32524202)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

CONSELHO TUTELAR DE FORTALEZA PASSA A FUNCIONAR 24 HORAS.

Desde o dia 1º de junho de 2012, os Conselhos Tutelares do Município de Fortaleza passaram a funcionar em regime de PLANTÃO (24 horas). Os plantões do Conselho Tutelar funcionarão na sede do Conselho Tutelar I situado à Avenida Bezerra de Menezes, 480 - Otávio Bonfim, e as denuncias poderão ser feitas através do Telefone 85 3281 2086 / 85 8711 1235 ou Disque 100.Todo e qualquer Cidadão e Cidadã de Fortaleza pode denunciar.

"Essa é mais uma conquista de nossas crianças e adolescentes"

Horário de Funcionamento nos PLANTÕES;

Segunda à Sexta (noturno); 19h 00min as 07h 00min
Sábado e Domingo Diurno e Noturno) 07h 00min (Sábado) as 07h 00min (segunda), e nos Feriados; das 07h 00min as 19h 00min.
    

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Conselheiros Tutelares e dos direitos da Infância participam do XXIV Congresso Nacional da ABMP.

18/5/2012 

 Conselheiros tutelares e dos direitos da infância participam do 24º Congresso Nacional da ABMP 

 
O município de Natal (RN) está sediando a 24ª edição do Congresso Nacional da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP). Este ano, o encontro tem como tema "Justiça em rede: articulação e ação sistêmica para a garantia efetiva de direitos de crianças e adolescentes e seu atendimento adequado". O evento, que começou na quarta-feira, termina hoje.

O Instituto Camargo Corrêa, por meio do programa Infância Ideal leva, pela terceira vez, conselheiros representantes de todos os Comitês de Desenvolvimento Comunitário (CDCs), grupos formados por organizações sociais e órgãos de governo nos municípios em que o ICC está presente com o programa Infância Ideal. “É um momento deles se renovarem, de troca de experiência”, ressaltou Ariane Duarte, analista do programa do Instituto. Cada um dos CDCs é representado por um conselheiro tutelar e um conselheiro municipal dos direitos da criança e do adolescente. Neste ano, com a presença do programa em mais municípios, participam das discussões 32 conselheiros. Em 2010, no encontro anterior, o ICC levou 20 conselheiros.

Realizado a cada dois anos, o congresso é um momento muito relevante para os que atuam com os direitos da infância e adolescência, pois reúne todos os promotores dessa área do país. “Temos uma percepção bem clara de como os juízes e promotores estão entendo cada tema, além de poder discutir assuntos novos, em processos polêmicos, com promotores, que encontramos na plateia, com pessoas que decidem sobre essas questões”, contou o presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Pedro Leopoldo (MG), Roberto Dinelli.

Além de palestras, o encontro deste ano contou com oficinas e apresentação de teses. O conselheiro tutelar de Fortaleza Aurélio Araújo participou, dentre outras, de uma oficina sobre o Direito à Convivência Familiar Comunitária com mães detentas, em que foi abordada uma situação muito parecida com a do bairro Barra do Ceará, onde o Infância Ideal atua no município. “A gente vai ter muito o que aproveitar dessa discussão nas nossas ações”, enfatizou.